Fernando Pessoa, A Tabacaria
Sou
uma apaixonada pela poesia de Fernando Pessoa.
Não
percebo como não percebi a beleza dos seus poemas há cerca de 15 anos na
Secundária e alguns anos mais tarde na Faculdade.
As
suas palavras entram-me na alma e ainda que não admita a possibilidade de
alguma vez escrever algo assim tão bonito, há momentos em que entendo o que o
poeta diz como se tivessem sido as minhas mãos a escrever aqueles versos.
Adoro
especialmente A Tabacaria. Houve um
dia em que li e reli em voz alta o poema para saborear cada palavra e cada som.
Como
eu me sinto às vezes assim naquela dor de pensar!
“Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida”
Como
eu já me senti um fracasso, um nada e até ao desejar ser grande ao ser nada, me
descobri pequena! Porque como pode o "nada" valer algo que valha a pena ser
desejado?
“Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!”
Mas
meu caro Fernando Pessoa, não desejo as angústias da tua alma, mesmo que elas
me permitissem ir mais longe na minha escrita, nem afogar-me em copos de vinho,
mesmo que já o tenha feito, nem escrever poemas de amor a Ofélias versão
masculina.
Não! Sou
humanamente comum e abençoada me sinto por me descobrir comum, com sonhos banais
que não transcendem em demasia as minhas parcas possibilidades.
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