Subir a montanha

Vim trabalhar. Apanhei o suburbano e, chegada a Sete Rios, o 758 até ao meu local de trabalho.

Vê-se muito menos pessoas na rua. No autocarro, eramos quatro. Instintivamente, sentamo-nos afastados uns dos outros.

Chegada ao escritório, sou incutida a acreditar que tudo está bem, que tudo é um alarmismo desnecessário. Talvez. Não sei. Quando tanta gente se refugia em casa, ser levada a sair, a passar uma hora nos transportes públicas, parece-me, em certos momentos, uma desvalorização do meu bem-estar.

Contudo, sei que nada disto me incomoda verdadeiramente. Passei o fim de semana a bater com a cabeça na parede por causa dos meus pseudodramas e traumas emocionais. Os meus excessos de raiva suplantaram o meu medo do vírus.

Cheguei ao capítulo 12 do livro de “Mulheres que Correm com os Lobos”, e porque nada é por acaso, este capítulo trata da questão da raiva. A autora conta-nos a história d’O Urso da Lua Crescente e de como, para acalmarmos a fúria interior, devemos “subir à montanha”.

Em pensamento, deixei tudo para trás e pus pés a caminho. A montanha do meu pensamento é linda, repleta de vegetação verde e fresca. Ouve-se a voz dos passarinhos, o som do riacho e está um sol quente sem ser excessivo. À medida que subo, olho para trás e vejo ao longe as casas que, de tão pequeninas, parecem casas de brincar. A cada passo dado, mergulho cada vez mais dentro de mim.

Neste momento, este é o caminho que faço. Não leio notícias sobre o Covid 19. 
Não espero mensagens.

E mesmo que me vejam aqui, acreditem que eu já estou longe!












(Foto tirada da internet, pode ter direitos de autor)

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