Amor Próprio

Há uns anos fui almoçar com uma amiga minha. Uma rapariga linda, pele perfeita, dentes perfeitos, uma cabeleira loura sempre arranjada, roupas elegantes e umas unhas compridas de um vermelho sangue sempre bem limadas. E eu, a seu lado, com o meu estilo banal e desinteressante.

A meio do almoço, comentei com ela: "Não tenho qualquer motivação para mudar a minha forma de me arranjar. Mudar para quê se não há ninguém para ver?"

Ela sorriu e respondeu-me: "Ora, mudar por ti mesma, claro. Achas que faço isto pelo meu marido? Não. Faço isto por mim. Gosto de me sentir bonita."

- Por mim! Que coisa estranha! Mas que é isso fazer algo por mim, produzir-me ou arranjar-me para que eu me veja? Que desperdício de tempo.

Curioso usar esta expressão - DESPERDÍCIO DE TEMPO! Diz tanto de mim quando considero que reservar uns minutos para o meu autocuidado é um desperdício de tempo, mas fazê-lo para que os outros me vejam já não é.

Recordei-me desta conversa esta semana. 

Assim fui e assim me mantive presa a esta ideia por muito tempo.

Quando falamos da questão do medo do abandono ou rejeição, falamos sempre em relação à ausência de alguém nas nossas vidas ou que alguém não nos queira ou não nos aceite como somos. Mas se há algo de que nunca falei, é do auto-abandono.

A forma como tu te tratas define o teu próprio auto-merecimento e da mesma forma define como as outras pessoas te irão tratar. Se dás pouco de ti a ti mesma, se te valorizas pouco, se te mimas pouco, como esperas que os outros te vejam!  E atenção que o mimar não tem a ver necessariamente com o andar super produzida! Posso não me maquilhar e mimar-me, posso não usar acessórios XPTO e mimar-me, posso não usar roupas de marca e mimar-me. 

O problema é quando não invisto em mim, quando me arranjo de qualquer forma porque acho que não vale a pena estar apresentável a não ser se for para vislumbre alheio. Há sempre a primeira pessoa que observa e esta pessoa és tu mesma. Como não perder tempo com aquela que é ou deve ser a pessoa mais importante das nossas vidas!

Basicamente nós queremos estar bastante apresentáveis para o mundo, mas para nós, damo-nos como garantidos. Como se estivéssemos sempre lá, e isso não é verdade. Achamos que nunca vamos embora de nós mesmos e isso não é verdade. Nós abandonamo-nos quando desistimos de nós. Fica a carcaça sem vida à espera de que a nossa própria alma a volte a alimentar. E este caminho de regresso custa….

A próxima vez que definires as tuas prioridades, coloca-te no topo da lista. Vou fazer o mesmo! :)

Obrigada Ana Moreira por me fazeres refletir nestas coisas.





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