Remoinho
Não sei quem sou.
Sou completamente ignorante no que diz respeito ao ser que me habita.
Quando o vejo à espreita, não o encaro.
Quando este ser estranho quer chorar, critico-o severamente.
Quando quer sentir, bloqueio-o automaticamente.
E ele acobarda-se temeroso com o peso do meu chicote mental.
Reconheço as artimanhas nas quais me coloco a mim mesma. Sinto o meu barro a desfazer-se enquanto tento manter intacta a ilusão da sua forma estanque. Uma vozinha tímida segreda-me ao ouvido:
- Deixa ruir! Deixa ruir tudo!
Viro-me para um lado,
viro-me para o outro,
enrolo-me, desenrolo-me,
sou semente atirada à terra e broto uma vez mais.
Ainda assim, o medo - ai esse sacana do medo! - revolve-me as entranhas, aperta-me o pescoço, desordena-me as ideias.
Das noites em claro
Dos pensamentos repetitivos
Do regresso aos mesmos pontos de partida
Não sei quem sou...... Mas gostaria de saber!
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