Puxar-me para cima

Retomei ontem, ao final do dia, um dos meus caminhos habituais de 2019, aquilo que a Marcela me definiu em tempos de "âncora".
Retive-me alguns minutos no Jardim da Estrela, antes de seguir pela Calçada.
Pela primeira vez não me vieram memórias de vivências ou sentimentos passados em que fazia este mesmo percurso.
Prestei atenção às folhas a dançarem nos ramos das árvores. Na minha linha de visão, de onde estava sentada, podia ver duas jovens a fazerem yoga. Transeuntes atravessavam o parque, nas suas roupas de verão, aproveitando a brisa fresca que se conseguia sentir ali.



Foquei-me no que estava a ver. Não no que foi. Não no que virá.
Sempre ouvi falar na importância de viver o presente mas sempre me foi difícil fazê-lo. Ainda hoje é um desafio mas começo a conseguir colocar em prática, mais que não seja por uns instantes. 
Chegada à Rua de S. Bento, apanhei o 28E completamente à pinha com estrangeiros. Vou redescobrindo Lisboa que me serve de aconchego e me lambe as feridas.
É estranho porque começo a autorizar-me a sentir sem recorrer a "bloqueadores". E sinto. Dói-me na alma às vezes. Sinto tristeza, sinto mágoa. Mas preciso de tornar esta dor consciente. Acredito nisto.

É a diferença entre:

👿 Enterrar a dor dentro de nós e levá-la sempre a trás; ou

✌ Puxar a dor à superfície para que ela se dissipe.

Quanto mais pretendemos ignorá-la mas ela se entranha e ganha raízes a um nível muito mais profundo e, consequentemente, num grau mais difícil de ser trabalhado.



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