Espiritualidade - Verdade ou Mentira?
Volto a esta questão por verdadeira necessidade. Talvez haja um motivo último mais forte do que todos os outros e que atualmente ainda me seja difícil abordar, mas pelo menos permito-me a estas reflexões que, na prática, provavelmente não servirão a mais ninguém a não ser a mim mesma.
Acreditamos no quê? Porque acreditamos numas coisas e não noutras? Nos vídeos que tenho visto encontrei algumas possível explicações.
Há uma tendência para acreditarmos nas mesmas coisas que os nossos familiares. Por isso se diz que é provável que numa família de católicos, os filhos também o sejam, ou numa família de budistas os descendentes venham a seguir esta mesma religião. Dois pontos que gostaria de ressalvar. Primeiro, dei o exemplo da religião mas podemos incluir também a tendência a qualquer tipo crença ou, pelo contrário, ao cepticismo. Segundo, conheço pessoas que, pelo contrário, tentaram seguir a via oposta aos seus pais, mas neste caso parece-me mais a necessidade de ir contra as imposições a que foram sujeitos enquanto crianças.
De uma forma geral, parece haver uma predisposição familiar que não me parece de todo descabida.
Por outro lado, também se evidencia uma certa tendência associada a quem segue ciências e a quem segue humanidades. Quem segue humanidades poderá ter uma maior imaginação e criatividade que, hipoteticamente falando, influenciaria o seu sistema de crenças.
Há uma questão que me inquieta: acredito apenas no que vejo ou acredito também que há muitas outras coisas que ainda não podem ser vistas nem explicadas?
A minha mente sempre me deu margem para acreditar no invisível ainda que eu nunca tenha tido nenhuma experiência que me permita validar esse invisível. Mas há pessoas que alegam terem tido. Vou negar-lhes a veracidade da sua experiência apenas porque não é a minha? Não me parece correto fazê-lo e não pretendo fazê-lo de todo. Mas também não posso assumir por si só que é verdadeira quando eu não tenho forma de provar a sua autenticidade.
Para mim este é uma assunto sério porque aquilo em que acreditamos tem um poder enorme de nos influenciar. Há influências boas e há influências más e isto ainda é mais verdadeiro relativamente aos supostos especialistas que transmitem estes ensinamentos.
Sempre se falou que a religião é muito dogmática mas, infelizmente, não me parece que seja a única. Durante os últimos meses, e a propósito da Covid19, questionei imenso a ciência. Hoje questiono imenso tudo aquilo que me fez questionar a validade da ciência em certos assuntos.
Não estou a elevar a ciência, mas estou a retirar do pódio as chamadas terapias holísticas que englobam tanta coisa.
Pessoalmente, sinto que acreditei em muita coisa porque precisava de acreditar, precisava de encontrar um sentido para a minha existência. Não me fazia sentido que fosse tudo um acaso porque isso retiraria, a meu ver, todo o valor à própria experiência. E ainda hoje acredito que haverá uma certa lógica para que nasçamos em determinado local, em determinada família. Fora isso, o que é real e o que não é?
Procuro a Verdade, não as verdades confortáveis.
Em retrospectiva, detecto erros de julgamento, manipulação e uma enorme vontade em acreditar nas coisas independentemente de lhes encontrar um sustento ou não.
Dito isto, quero referir que não tenho respostas para nada. Pouco ou nada sei. Mas esta minha ignorância traz-me alguma paz. Vivo no presente, não busco previsões para o futuro. Tento viver quem sou, não quem os outros acham que eu deveria de ser. Em suma, faço o melhor que sei.
Comentários
Enviar um comentário