Dos corações frios
O ser humano é adaptável. Aprendemos com o tempo a resistir, a subsistir. Já passei por momentos bem difíceis na minha vida e hoje, perante situações parecidas, reajo com maior calma e serenidade.
Quando me vejo, quando sinto o meu coração no peito a bater, digo-lhe em voz baixa: "Não chores que não vale a pena." Ele tem sido obediente.
Se partilhasse isto com alguém, penso que me iriam dizer que esta não é a forma certa de lidar com a dor, mas eu não conheço outra.
Quando digo que há coisas que não me doem, falo com sinceridade porque parece-me que o "cordão umbilical" que unia a minha mente ao meu coração foi desconectado e atualmente um tem muito mais preponderância do que outro.
Se acredito que ainda irei ter o que desejava? Honestamente, não. Uma vez que abandonei as tais ideias de poder da mente e da vibração, não me dou sequer ao trabalho de escolher criteriosamente as palavras que vou usar. Não, não acredito. Não é perda de fé mas inexistência de experiência que me permita validar essa hipótese. E sim, parece-me que não me dói.
Hoje entendo que uma pessoa pode aprender a não ter e essa suposta capacidade assemelhar-se-á, aos seus outros, a um super poder tal, que ela terá muita resistência a abdicar dessa conquista.
Às vezes parece-me que não tenho medo de não ter, tenho sim medo de voltar a acreditar.
Sinto com muita intensidade a vida ao meu redor, mas sinto com pouca intensidade as pessoas e não estou ainda disposta a abrir mão da minha couraça.
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