Caminhante
A semana começou chuvosa, influência da tempestade extra-tropical Danielle. Altura de calçar as botas e recorrer aos agasalhados, pelo menos até Quinta-feira.
A caminho do dentista, hoje de manhã, admiti para mim mesma o quão tóxica me sinto. Não me considero uma boa companhia presentemente. Não me apetece fazer fretes, nem dizer palavras simpáticas nem ser altamente compreensiva. Não tenho pretensões de ser boa conselheira nem boa ouvinte. E não me quero forçar a sê-lo.
Mais uma vez retiro-me, regresso ao meu interior. Talvez isto seja o melhor que posso, nesta altura, fazer por mim e pelos outros. Respeitar o meu espaço e vontade e respeitar o espaço e vontade do outro.
Sei que no convívio aprendemos imenso, crescemos e descobrimos coisas sobre nós mesmos. Mas no convívio também nos poderemos perder.
O que é meu e o que é das pessoas com quem convivo?
Onde se separam e se distinguem as crenças e fé de cada um?
Pode parecer que não há problema algum, mas há. Quando começamos a olhar para a vida de outra forma, admitindo a possibilidade de nos sujeitarmos a novos critérios, há conversas que não encaixam mais, há perspectivas que não parecem mais verossímeis.
Talvez, no fundo, não queira correr o risco de que me tentem convencer de que estou errada, nem forçar ninguém a ver o mundo da minha forma.
Cada vez me sinto mais uma solitária por convicção. É o barulho que me pesa, não o silêncio.
Há uns dias escrevi uma frase que me resume bem: "caminhante de fim de tarde; despojada de gente, cheia de mim."
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