People's pleaser
Há uns meses chamaram-me de people's pleaser. Soltei um "pois" em concordância.
A constatação daquele momento tinha sido validada por mim algum tempo antes.
Tenho alguns posts de 2019 e 2020 que mostram o que uma people's please faz quando não quer ser mais uma people's pleaser. Mas comecemos pelo início.
Todos nós, sem exceção, queremos amor, amizade, reconhecimento e validação. Por mais que nos digam (e bem!) que esse processo deve começar em nós e por nós próprios, não podemos ignorar o facto de que, enquanto seres sociais que somos, o que vem e quem vem de fora continuam a desempenhar um papel preponderante.
Nessa busca pelo amor e aceitação, vendemos de nós a imagem que achamos que nos fará ser aceites.
Porém, a vida não se coaduna com o que não seja pela nossa autenticidade, ainda que nos dê o livre-arbítrio de vivermos, quanto baste, dentro ou fora das nossas ilusões. E por isso encontraremos circunstâncias, momentos, eventos, pessoas que nos farão questionar se estamos a viver de acordo com quem somos ou de acordo com quem achamos que somos.
[Imaginemos que somos uma cor e que crescemos a achar que somos o azul. Conhecemo-nos como a cor azul. Os outros conhecem-nos como a cor azul. Mas o mundo tem outras cores, vemos pessoas com outras cores, e há um momento em que queremos ser da cor cinza porque fartámo-nos do papel que desempenhámos durante anos e anos enquanto cor azul.
Reflitamos! Não é que a pessoa não possa ser da cor azul, ou que não seja efetivamente da cor azul, mas havendo na sua alma uma palete de cores, ela também é de cor cinza, ainda que possa ser em menor quantidade. E a cor azul até pode não ser a que define mais a sua essência. Por isso se falam em conceitos como "ego", "máscaras", "ascendente".
Cada ser humano é um mundo que ele próprio desconhece, quanto mais os outros que o observam!]
Pessoalmente, esta people's pleaser tentou inverter a situação procurando o caminho oposto. Acho que é uma tendência fortemente humana de buscar o inverso quando entramos em crise. Se tudo tinha feito para agradar, de ora avante faria tudo para desagradar.
Passados meses entendo, por fim, que não é preciso caminhar para o extremo. A vida dá-nos diariamente oportunidades de sermos mais verdadeiros sem que para isso precisemos de criar conflitos uns com os outros. Ao ler ontem o texto do Veet Premad percebi isso.
"Não precisamos de sair à procura daquilo que nos vai mudar. Não é inventando situações em que eu me imponha ou incomode os outros que eu vou conseguir acabar com a minha necessidade de conciliar ou agradar. É estando muito atento para que nas situações que chegam e nas que automaticamente conciliamos ou agradamos, deixemos de fazê-lo. O que pode transformar-nos chega sozinho, estamos a atrair continuamente." (P.228)
O que se pretende então:
- Saber dizer SIM quando o nosso Eu interior valida algo;
- Saber dizer NÃO quando o nosso Eu interior rejeita algo;
- Perceber quais são os nossos inegociáveis e mantermo-nos fiéis a eles;
- Termos flexibilidade para aceitar pontos de vista diversos sem que isso, necessariamente, nos leve a desistir do que achamos correto ou verdadeiro;
- Não buscarmos no outro a validação de quem somos;
- Aceitarmo-nos exatamente como somos, as partes que já conhecemos (boas e más) e as partes que ainda iremos conhecer (boas e más).
👆
À medida que a minha vida avança percebo que esta é uma das questões mais vincadas da minha vénus-saturno e grande parte das minhas questões pessoais giram em torno dela.
Talvez me leve uma vida inteira para superar as limitações que, inconscientemente, me imponho. Mas também sei que quando mais analiso estas mesmas limitações e desmonto os seus enigmas, maior será a probabilidade de as erradicar, senão totalmente pelo menos parcialmente.
(Imagem retirada da web pode ter direitos de autor)
Comentários
Enviar um comentário