Entre meditações

Estas duas semanas foram de meditação. O meu estado actual, na falta de palavra melhor, é de embriaguez. É nesse estado de "embriaguez" que escrevo.
Ri, chorei, aceitei, rejeitei, enquanto todas aquelas coisas que escondo (e por "coisas" me refiro a sentimentos e pensamentos que tinha colocado numa mala, fechada a cadeado e atirada para o espaço), vieram à superfície. Todos nós reconhecemos sentimentos e lembranças sobre as quais não queremos falar, e não queremos falar porque dói. Dói demais.
[Ainda na Sexta-feira, no final da minha prática de yoga, a meio do savasana, contemplava o tecto do shala e, de olhos bem arregalados, desejava: "Se somente eu pudesse esquecer! Se somente  eu pudesse esquecer! Não sei bem que parte de mim gostaria eu de esquecer. Isso implicava pensar sobre o assunto e eu, na verdade, não queria pensar. Queria parar! Queria "savasanar" como deve de ser. Mas a minha mente estava inquieta...]
Voltando... Entre uma prática com a Daniela Velho e um intensivo com o Pedro Kupfer, senti-me como uma garrafa de sumo de laranja natural, daquelas que nós chocalhamos antes de abrir o que faz com que a polpa venha ao de cima. "I'm still here!", dizem aquele pensamento, aquela emoção, aquela recordação. Efectivamente, a meditação não é o ideal para quem não quer enfrentar as coisas. Mas pode ser o ideal para quem quer, apesar do medo que isso gera.
Recordaram-me que já sou a felicidade que procuro. Isso faz-me pensar numa frase que li há muitos anos e que me tem acompanhado desde então: "Não precisamos de nada exterior a nós mesmos."
É estranho porque estas frases têm tudo para nos libertar, no entanto, não o conseguimos interiorizar e por isso continuamos a pedir aos outros: "Ama-me! Aceita-me! Dá-me felicidade! Muda a tua maneira de ser só para me agradares! Age mais de acordo com a minha maneira de ser e não a tua! Compreende-me! Eu! Eu! Eu! Eu!" Gritamos "Eu" até à exaustão como se este "Eu" precisasse de mil e uma coisas, quando na realidade este "Eu" precisa de muito pouco. Estarei eu errada quando acho que todos nós queremos sobretudo paz de espírito? (Se alguém não se revê nesta frase, peço desculpa pela minha suposição.)
Isto tudo para dizer que "olhar para dentro" é entrar numa montanha russa e passar entre a adrenalina e o pânico. Mas é uma viagem grátis, nem é preciso comprar bilhete. Talvez para alguém isto possa parecer despropositado mas sinceramente, numa opinião muito minha, agrada-me a ideia de pensar que sou o suficiente. Eu basto-me! Acho que se todos nós conseguimos encontrar a felicidade dentro de nós mesmos, seria muito mais fácil a entrega ao outro sem exigências.




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