Pessoas como nós não choram
O destino existe? Haverá situações e desafios na nossa vida às quais jamais poderemos fugir? Existem inevitabilidades?
Falava de manhã com a Mónica sobre isto. A dada altura senti um aperto no peito e logo veio à minha mente momentos do meu passado. Do outro lado da linha ouvia a Mónica a comentar:
- Custa-nos aceitar que há coisas que não controlamos!
"Sim!", pensei mas não disse. O meu desejo e esperança, disse-lhe por fim, é de que antes de partir tenha aprendido o que é preciso para o resultado ser diferente.
Talvez não seja bem entendido este meu desejo. Tento estar em paz com o meu presente mas mantenho uma ténue esperança de que um dia possa ter o que pretendo, mesmo que, e com toda a honestidade o digo, não tenha a certeza de que seja o melhor para mim.
Lembrei-me da rejeição, do abandono, da dor. Vi a estrada vazia que eu aprendi a aceitar, talvez não por consciência mas por cansaço. E quando uma lágrima teima em vir, todo o meu rosto se contrai e o meu coração resiste a sentir.
"Pessoas como nós não podem chorar porque as lágrimas não nos levam a lado nenhum. Encaixa e segue. Só te tens a ti mesma. Ninguém fará nem aligeirá o teu caminho."
A partir de dada altura já não apetece falar. Recorro ao silêncio enquanto atravesso a estrada citadina. Regresso à rotina. Regresso ao trabalho, à papelada acumulada na minha secretária. Regresso à banalidade da minha existência.
"Pessoas como nós não choram."
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