Ziguezagues mentais
Há um silêncio que se instala numa sala despojada de gente.
Os dedos vão correndo as teclas que lançam letras que formam palavras que formam frases. Obedecem, ou parecem obedecer, ao que a mente dita, mas a mente não está certa de que esteja a ditar alguma coisa.
A luz natural ilumina o espaço exterior. Mas o que iluminará o espaço interior, as cavidades da alma onde se guardam os segredos mais profundos?
O barulho do ar condicionado e do avião que sobrevoa os céus vão, entretanto, cortando o silêncio. Já não há ausência plena de barulhos. Os ouvidos já captam algo que, contudo, pouca ou nenhuma importância terão para a história em causa. Há algo mais importante para ser ouvido. O coração a bater, a vida a correr nas veias. Mas e se tão somente ela conseguisse prestar-lhes a devida atenção sem medos!
A sala, outrora a sala que era apenas despojada de gente, vira uma prisão sem grades.
Ela enterra-se na cadeira, inerte, sem planos.
"Sou, não sou... Sou, não sou... Sou, não sou..."
Que atrevimento acharmos que sabemos alguma coisa da vida!
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