Fim de Semana

Vim à descoberta do Beato caminhando por entre pequenas casas de um só piso que me lembram a casa de madeira da minha bisavó em Porto de Muge.

Não sei que estou eu a recordar por terras onde nunca passei e admito que não seja a terra em si que me traz a memória, mas sim o sentimento que me vem, quiçá, motivado por outras caminhadas introspetivas que realizei noutro tempo.

Dou esses passos sozinha e com um silêncio apenas interrompido pelo "Bom dia!" de uma senhora cansada, a subir a ladeira carregada com os sacos das compras.

De cima vejo as traseiras do cemitério do Alto de São João. Lápides brancas alinhadas pela encosta.

Penso, por instantes, quantas histórias jazem ali, histórias perdidas no tempo.

A vida é estranha quando pensamos na finitude de (quase) tudo.

Realmente não levamos nada connosco a não ser, como surgiu em conversa, o crescimento da nossa alma.

No Domingo retomei o mesmo ponto de partida. Tinha planeado ir à Penha de França, mas enganei-me no caminho. Acabei por seguir a Estrada de Chelas, subindo depois para a Picheleira. Nunca tinha visitado esta zona de Lisboa. Apesar do nome cómico e de alguma energia duvidosa, achei o local interessante. Encontrei uma taberna aberta, tipicamente ocupada por homens a beberem cerveja e a verem o futebol. Saboreei uma imperial e um pires de tremoços. Revesti-me dessa banalidade corriqueira que talvez não fique bonita numa mulher, mas pouco me importo.

A minha alma pode saber para onde vai, mas eu, enquanto ser na matéria, não tenho um rumo propriamente definido. Sigo apenas por onde sou impelida a ir. Paro onde sinto que tenho de parar. Descubro o que preciso de descobrir. E entendo o que chegou a altura de entender.

Simples.








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