Artérias

Estou atordoada. Este meu estado já me levou a enfardar um kebab em pleno Martim Moniz. Lá se vai o trabalho das últimas aulas de ginásio! Não me apetece ir para casa. A temperatura subiu. Apetece-me caminhar, caminhar e caminhar. [Lisboa desvenda-me por favor os teus segredos!]

Cruzei em passo acelerado o Jardim do Torel e segui por ruas por onde nunca tinha passado antes. Descobri onde, supostamente, morreu Luiz de Camões e, porque uns nascem e outros morrem, descobri igualmente o local onde nasceu Amália Rodrigues. Próximos um do outro. Ao descer pela Calçada Garcia, passei pelo Everest Montanha. Fui a este restaurante em 2017. Lembrei-me disso, dos amigos que me acompanharam, dos amigos que já não o fazem. Há coisas em que eu insisto em não pensar, mas a vida não permite fugas nem assuntos não resolvidos. O que não aprendemos a bem aprenderemos à força e à força pode significar, consoante o nosso grau de resistência, a mal.
Tudo me vem de enxurrada, tais emoções engolidas à força entre tragos de imperial.
[Ai Lisboa que me levas a não querer parar de caminhar! Trazes-me paz. Trazes-me respostas mesmo que eu não as entenda!]















Está a anoitecer. O frio da noite começa-se a sentir. Retomo a marcha, ainda com pouca vontade e ainda longe de Santa Apolónia.

Subo as escadas de pedra. Relembro as palavras da minha amiga esta manhã e sinto as lágrimas a virem-me aos olhos. Choro, mas tenho medo de me questionar o porquê. Não quero sentir. Não quero perder o controlo. Não quero a dor. Mas como negar aquilo que faz de mim humana?
















[Sigo pelas tuas artérias Lisboa, pelos teus braços, pelas tuas veias, sigo na verdade sem entender se vou em investida ou em fuga.]

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