Diário de Bordo

Ontem em conversa com a minha melhor amiga, e enquanto debatíamos a veracidade das nossas próprias crenças, comentava com ela que no fundo acredito no que preciso de acreditar para que a vida seja mais fácil.

Talvez todos nós façamos o mesmo e damos vida àquelas ideias que, mesmo não podendo ser comprovadas pela razão, nos dão um sentido, a nós mesmos, à vida que temos e para onde a vida nos parece empurrar.

Sei realmente muito pouco. E inclusivamente, ainda que possa reconhecer e dar um nome aos meus desafios, isso não significa necessariamente que consiga aprender, superar ou integrar aquilo que me é pedido.

Então, o que é real? O que podemos afirmar com certeza absoluta que é real? Não sei. Talvez nada. Às vezes nem eu sei se sou real ou se o sou, nem sempre acredito piamente que os outros o sejam também.

Enfim, trata-se de um mero desabafo que não me traz peso. Não procuro respostas definitivas para a existência humana e sei que há muito que não sei. Não enalteço o meu desconhecimento, mas também não me martirizo por isso.

Sábado chegou por fim. Um dia de sol que me leva de volta a Lisboa, em lazer, em caminhada, em reflexão, entre pratos de comida e taça de vinho tinto.

Hoje escolhi Xabregas como pouso para o almoço. Lembro-me de quando passava por esta rua a caminho do estúdio de Yoga onde viria a concluir o meu curso para professora.

Tenho boas recordações desse tempo.

Segue-se uma caminhada de subidas e descidas maioritariamente por ruas onde nunca passei. Escadas, escadinhas, becos, avenidas, na constante [re]descoberta desta cidade.

Por fim, chego ao Jardim do Torel, com vista privilegiada sob a capital.

Estou cansada. Doem-me as pernas da caminhada, mas regresso ao lar com o sentido de dever cumprido.

Estas horas levam-me sempre a uma profunda introspeção, à realização de um tempo que talvez só para mim faça sentido.

Presto atenção às pessoas que entram no meu espaço de visão. Estrangeiros de peito à mostra deitados na relva a apanharem os raios de sol. Alguém canta uma música acompanhada pelo som da guitarra. Pés descalços. Garrafas de cerveja. Ananases. Lisboa sempre linda, sempre plena.
É um dia feliz de uma simplicidade que me enche o coração.














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