Roma Areeiro

Não está um Outubro de chuva nem descida de temperatura.
Já me chegou o cheiro das castanhas, um cheiro apetecível mas estranho uma vez que ainda está tempo quente.
Esta semana foi desafiante. Tenho-me sentido fisicamente cansada. Não consegui ir ao ginásio pelo que fiz algumas caminhadas em substituição: desde a Alameda passando pela Av. de Roma, que me trouxe recordações de quando lá morei há mais de 20 anos.
É interessante passar pelos mesmos locais com um intervalo significado de tempo para perceber não só o que mudou naquelas ruas, mas também o que mudou dentro de mim.
20 anos não assim tantos anos, mas a diferença é abismal. Se não fosse por ter algumas daquelas lembranças bem presentes, ainda acharia que estava a falar da história de outra pessoa.
O tempo leva-nos mesmo tudo, incluindo a forma física. Mas não leva os momentos marcantes, sejam bons ou maus.

É curioso como me lembro de situações aparentemente tão insignificantes mas que, por algum motivo, nunca as esqueci.

- O pão fresco que comprava numa padaria que ficava nas traseiras daquele n.º 25. [Não sei se ainda existe].
- O caminho a pé que fazia pela Av. João XXI até à Faculdade.
- O quarto que nunca tornei meu porque, a bem dizer, nunca tive muita vontade de lá estar.
- O copo de Baileys no bar da rua. [Não me consigo recordar do nome].
- O primeiro jantar de Natal do grupo no Acqua Roma. 
- O expresso semanal de 6ª feira.

Não é que tenha sido um tempo especial, mas foi meu, fez parte da minha existência. A primeira saída de casa dos pais, a primeira sensação de independência, a primeira experiência de real solidão. E hoje passo por lá não a caminho de um espaço que não é meu mas sim a caminho da minha casa, do lar que eu consegui criar com o meu esforço e dedicação. Não o lar que imaginei mas o lar que - acredito do fundo do meu coração - me serve.

Foto: "Gato Assanhado" de Bordallo Pinheiro na Praça de Londres (Areeiro)





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