Fases e faces
Estou na fase outonal do mês. As mulheres saberão certamente do que falo.
Quando me alinho com a lua, reconheço as minhas diversas caras e facetas. Sou inconstante ao querer ser tanta coisa ao mesmo tempo, mas não consigo evitar nem a inconstância nem o desejo de excessos. É o meu lado buscador, aquele que se reveste às vezes de branco, às vezes de preto e às vezes de arco-íris. Sou um bicho cruel. Sou um animal manso. Sou a cólera. Sou a palavra meiga. Sou uma dicotomia sem fim, na liberdade que me é permitida gozar.
A liberdade não implica, porém, que se desrespeitem os limites dos outros. Tenho pecado aqui, neste limiar do que é aceitável. Assumo isso, mas não me martirizo. Apesar dos meus erros, não carrego muitas culpas e apesar das minhas derrotas, não deixo de acreditar. E acabo por me surpreender com as minhas próprias reações. Seria de esperar que neste meu Outono interior de folhas caídas, estivesse pronta para agarrar em armas e “esventrar” alguém. Mas não é isso que acontece. Não é esse o meu ímpeto do momento. Depois de meses a beber do mesmo veneno, pela primeira vez percebo que já não desejo mais beber dessa garrafa, nem pretendo guardar “manjares” de ideias putrificadas que em tempos conservei como se de iguarias se tratassem.
Por fim, o “Inverno” mensal se instalará, convidando-me a regressar a mim mesma, às minhas profundezas. Quando as águas caem, confundem-se com a terra ao tocar o solo. São fertilizantes para a vida nova que se anuncia e em breve, muito em breve, a lua cederá o ser lugar ao sol.
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