Vazio de alma
Creio eu não haver nada que nos faça
entender melhor quem somos do que a dor e o sofrimento. E é no meio desse desespero
em que nos damos por vencidos, completamente derrotados, que temos a
oportunidade de responder à questão: Quem sou eu?
Muitos de nós não sabem. Nem
toda a gente coloca a questão. A maioria talvez nem queira saber. Porque dói. Porque
enquanto olhamos para dentro, arriscamo-nos a encontrar aquele “eu” que tem
estado à espreita, raramente saindo da toca. E esse “eu” é um estranho!
Este mundo não é feito de
homens livres e nem mesmo se nos entregassem a liberdade de bandeja, a iriamos
aproveitar. Os nossos avós não ensinaram os nossos pais a serem livres. Os
nossos pais não nos ensinaram a sermos livres, nem nós conseguiríamos ensinar
os nossos filhos a serem livres apesar de toda a boa vontade que possa existir,
e simplesmente pelo facto de não sabermos o que isso é. Como podemos ensinar a
alguém aquilo que nós próprios não sabemos o que é?
Crescer devia ser a
oportunidade de ouro para descobrirmos, mas parece que vamos antes priorizando a
criação de esquemas mirabolantes que nos aproximam ainda mais das formas estereotipadas
do que é supostamente bom, do que é supostamente certo, do que é supostamente correto,
do que deveria ser, do que é moralmente aceite…. Resta tão pouco tempo para aprendermos
a ser, a estar, a dar, a amar!!!
Às vezes penso que o
excesso de fora é proporcional ao vazio de dentro. Há um momento em que só há uma
imensidão de vazio que enche o peito com nada. O que é que se pode fazer com
nada?
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