Sensação

Há uma imagem que sempre me impressionou, a da Roda da Vida. A imagem em si é aterradora, mais que não seja pela figura grotesca que se destaca. Na roda vêm expostos os 12 elos de ligação, conforme a tradição budista, ou nidanas
De forma bem simplista, é a ideia de algo que produz algo que por sua vez é responsável pela criação de algo sendo que, na base está a ignorância e só pela irradiação da ignorância se pode extinguir esta ligação e, consequentemente, conseguir a libertação do samsara.
O círculo exterior encontra-se dividido em 12, cada parte representando um dos elos. 
Só hoje, ao encontrar novamente a imagem, reparei na forma curiosa como é representada o elo da "sensação", a de um indivíduo com uma seta no olho. A minha interpretação inicial foi a de que ficamos cegos quando experimentamos as sensações, sejam boas ou más. Mas a ideia mais profunda, a meu ver, é da volatilidade, a facilidade com que oscilamos entre estados dependendo da frivolidade das nossas emoções e ficamos prisioneiros e reféns dessas emoções. Quando algo é bom, apegamo-nos e queremos reter nas nossas mãos aquilo que achamos que é nosso por direito, incluindo as outras pessoas. Quando algo é mau ou ameaça a nossa estabilidade, recuamos, fugimos. Como se pudéssemos fugir de alguma coisa?! E tudo isto se torna numa espécie de ritual. 
Somos normalmente muito fiéis aos nossos rituais, o que nesta situação não costuma jogar a nosso favor.




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