Renovação
Não sei se é da idade, mas parece-me que o tempo passa muito
mais depressa. Deixa-me saudades dos momentos bons, como por exemplo as minhas
férias em França. Mas, ao mesmo tempo, consola-me por sentir que os momentos
difíceis estão longe.
É verdade que o tempo não anda mais depressa nem mais
devagar, sendo apenas a nossa percepção que se altera. Quando somos jovens
pensamos que temos todo o tempo do mundo, mas, quando crescemos, descobrimos que
não é assim. Considero, porém, que ninguém tem de facto consciência da sua
finitude. Como é que nós, em consciência, podemos aceitar que um dia deixamos de
ser?
E estas ruas por onde caminhamos continuarão a existir, e a
água das fontes continuará a cair. Haverão novos visitantes a descobrir Lisboa
e a saborear os sabores lusitanos. Novas fotos serão tiradas junto à Torre de
Belém. Tudo isso por outros que não aqueles que compõem o “presente”.
É estranho que o mundo não pare mesmo quando nós paramos. Mas
tudo isso acaba por fazer parte da renovação. A renovação que descobrimos em
algo tão simples e, ao mesmo tempo, tão complexo como a mudança das estações do
ano.
Também essa renovação deve ser entendida, sentida e
respeitada por nós. A renovação que nos permite despir a folhagem antiga e
colocarmos uma nova roupa; que nos permite desprendermo-nos de velhos
sentimentos e acordar para uma nova esperança; que nos permite sermos mais
fortes hoje do que éramos ontem. E, sobretudo, que nos permite sermos gratos
por existirmos.
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