Agosto
Está quase a fazer um ano. E tudo mudou. E eu mudei.
Sei que existiu algures no tempo uma Lídia que reagia de uma
forma. Sei que algo dessa Lídia continua a existir dentro de mim.
Muitas vezes comparamo-nos aos outros e, mesmo sem querer,
invejamos o que têm e o que são. Lembro-me de ir no metro e pensar como
gostaria de trocar de lugar com qualquer uma daquelas pessoas se isso
significasse que, nem que fosse por um segundo, eu pudesse não ser eu.
Lembro-me de chegar a casa e fechar as cortinas para não
entrar a luz e ligar a ventoinha para não ouvir qualquer barulho a não ser
aquele barulho de vento forçado que não se compara a nada.
Lembro-me de enterrar a cabeça na almofada e desejar que os
pensamentos cessassem.
Lembro-me de tudo isto como se tivesse sido ontem.
Mas como digo, tudo mudou. E eu mudei. E por essa mudança,
mesmo que hoje houvessem motivos para ter o mesmo tipo de ação-reação, já não
me permito. Porque lembro-me de tudo aquilo e a minha consciência concluiu há
já algum tempo que momentos daqueles têm de servir para alguma coisa. E quanto
mais doloroso, mais devemos aprender. E quanto mais doloroso, mais devemos
crescer. E quanto mais doloroso, mais devemos mudar.
A isso chama-se evoluir. E é isso que desejo. Anseio pelo
dia em que me liberte das armadilhas da minha mente, das exigências do meu
corpo e que nada espere e nada exija.
Está quase a fazer um ano. Parece-me bem que este Agosto
seja bem vivido.
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