Não vou fugir hoje. Irei para a casa.

Tenho-me sentido ansiosa nos últimos dias. Habitualmente, a caminhada é o meu maior e melhor remédio. Mas, de alguma forma, também é uma fuga. O tardar a chegar a casa, o evitar os momentos noturnos em que, frente à TV, penso na minha vida.
Não vou fugir hoje. Irei para a casa. Desmontar, finalmente, a árvore de natal que ainda se encontra no escritório quando estamos quase em final de fevereiro. Aspirar a carpete da minha sala. Escovar os panos que protegem o meu sofá. Fazer a cama. Acender um incenso. E depois sentar-me a ler.

Tenho medo de sentir mas não posso fugir mais. Por outro lado, o medo faz-me regressar a algo. Que será?

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