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A mostrar mensagens de maio, 2022

Retoma

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Tempo

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O tempo passa, célere, num galopar impiedoso e às vezes cortante como o gume de uma faca. E a vida, sentada no dorso deste tempo, vai mudando. Muda ela e mudamos nós. Por momentos, parece-me que somos apenas as personagens de um jogo de xadrez cuja dimensão real do tabuleiro desconhecemos. Não estou certa, nem me atrevo a supor quem manuseia as peças. Sou ignorante nestes assuntos. Ou talvez cobarde. Vamos saltando de peça em peça,... ora somos peões, ora cavalos, ora torres, ora bispos, ora reis e rainhas. Às vezes, desejosos de um papel que não nos cabe a nós, mas a outrem. Outras, ansiosos por um esquecimento que nos permita descansar e que sejam braços alheios a carregarem os fardos por nós. Percebo tanto das regras da vida como das de um jogo de xadrez. Muito de coisa nenhuma.

"Preparar-te para a luta, Josef Knecht, vejo claramente que já começou."

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"A verdade existe, meu caro! Mas a "doutrina" que desejas, o ensinamento absoluto que confere a sabedoria perfeita e única, não existe.  Tão-pouco deves ansiar por um ensinamento perfeito, meu amigo, mas antes pelo aperfeiçoamento de ti próprio. A divindade está em ti e não nas ideias e nos livros. A verdade vive-se, não se ensina de cátedra. Preparar-te para a luta, Josef Knecht, vejo claramente que já começou." Hermann Hesse, "O Jogo das Contas de Vidro"

Subsequente

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Refugio-me na escrita e na leitura. Puxar palavras de mim é exorcizar os meus demónios. Receber palavras de fora é tentar preencher-me com inspiração. Às vezes resulta, outras nem por isso. A par do tumulto emocional trazido pela partida do meu menino Leo, estou também na fase da TPM que por norma já me leva a entrar numa espiral de contornos variados. Não tenho nada planeado. Cumpro o ritual de acordar de manhã, vestir-me, apanhar o comboio, vir para o trabalho e se, ao final do dia, me faltar energia para fazer sequer uma caminhada, regresso logo a casa no primeiro comboio disponível. Não me sinto culpada pela aparente inércia externa. Por dentro, não paro. Não paro de sentir, de pensar, de observar tudo e quem me rodeia e de questionar o porquê de estarmos aqui todos. Os últimos meses já me estavam a levar a esse questionamento. Os últimos acontecimentos tornaram-no mais premente.  Não me defino porque não quero fazê-lo através do meu nome, profissão, ascendência ou mapa astral....

Leonardo - Até um dia meu amor 💗

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O meu menino partiu na madrugada de Sexta para Sábado. É o terceiro post que tento escrever sobre o assunto. O primeiro foi a quente e encontra-se guardado no meu telemóvel. O segundo foi a quente e envolvia toda a dor e lágrimas sentidas pela minha mãe enquanto desabafava comigo ao telemóvel. No dia 24 de maio, pelas 08h21, retomo a tentativa. Sinto falta dele, mas há o consolo de saber que já não sofre mais. À parte disto, tenho dificuldade em descrever as minhas emoções. A vida parece-me estranha. Sinto na pele e na alma a impermanência. O facto de saber que um dia perderei tudo, incluindo esta vestimenta a que chamo corpo, faz-me querer desapegar. Já por diversas vezes senti que, não desejando nem andando à procura da morte, sinto saudades de “casa”, do lugar de onde terá vindo a minha alma. A escola da vida, a escola que é esta experiência terrestre, é simplesmente penosa. Vivemos iludidos e tomamos como real o que não é. Quando fecho os olhos vejo-nos a todos como pontos de...

A relembrar Vangelis que partiu esta semana para outras margens..... #RIP

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Desabafos

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Entre mudanças de estações de metro, com os meus auriculares cor-de-rosa nos ouvidos, mochila de desporto às costas, lá vou desabafando com a minha interlocutora: "- Desiludi-me com as pessoas, com o mundo. Há tantos egos na luta pelo pódio, que sinto que não há espaço para o meu. Na realidade, nem quero que haja. Não quero impor a minha presença. Prefiro retirar-me, procurar um espaço onde não tenha de me forçar a estar."

Fundamentals

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Entre várias outras coisas, o ashtanga ensinou-me a importância de regressar ao início, onde tudo começou. A primeira descoberta, o primeiro asana, o primeiro ujjayi , o primeiro desenrolar, o primeiro esticar, o primeiro enraizar. Já não pratico, como é de conhecimento mais ou menos geral, mas levo comigo os ensinamentos da prática que me acompanhou durante 7 anos. Lembrei-me disto hoje porque tenho sentido a necessidade de voltar um pouco atrás para poder avançar. Sinto que a via que segui nos últimos anos desembocou num beco sem saída. Não há esquerda nem direita para virar. É-me pedida uma marcha atrás. Voltar ao que, no yoga, chamaria de fundamentals . Voltar ao que é fundamental e perceber, dentro de tudo, o que posso e devo aproveitar ou o que não serve mais ou não é tão fidedigno como achava. Confesso que não me imaginava numa situação destas, a colocar em causa tanto do que eu considerava que me iria agarrar até ao final dos meus dias. Mas ainda que este possível "abando...

Novas escolhas / Novos caminhos

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Tenho feito arrumações e empacotei muito do que tem tempos chamei de espiritualidade.  Atualmente, e tristemente, não reconheço muita autoridade em quase ninguém para realizar um trabalho de espiritualidade correto e íntegro. Digo que tal facto me provoca alguma tristeza porque nunca procurei tanto o sagrado e nunca o que encontrei foi tão despido de sacralidade. Desde há muito que venho a tentar penetrar nesse outro mundo. Hoje, fico-me por este. Na rotina, na simplicidade, no ritualismo dos atos de vida simples. Não pretendo com isto fazer uma crítica a ninguém nem dizer o que devem ou não seguir. Falo por mim, e para mim não serve.  Vejo demasiada luta de galos, frases feitas e egos em poleiros.  Hoje volto-me muito mais para o meu centro. Os meus arredores tornaram-se numa desilusão e agradeço-lhes porque só assim consigo perceber o que não quero. Por falar em simplicidade, deixo uma sugestão de visita para quem pretenda afastar-se um pouco do mundo virtual e escolha ...

Puxar-me para cima

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Retomei ontem, ao final do dia, um dos meus caminhos habituais de 2019, aquilo que a Marcela me definiu em tempos de "âncora". Retive-me alguns minutos no Jardim da Estrela, antes de seguir pela Calçada. Pela primeira vez não me vieram memórias de vivências ou sentimentos passados em que fazia este mesmo percurso. Prestei atenção às folhas a dançarem nos ramos das árvores. Na minha linha de visão, de onde estava sentada, podia ver duas jovens a fazerem yoga. Transeuntes atravessavam o parque, nas suas roupas de verão, aproveitando a brisa fresca que se conseguia sentir ali. Foquei-me no que estava a ver. Não no que foi. Não no que virá. Sempre ouvi falar na importância de viver o presente mas sempre me foi difícil fazê-lo. Ainda hoje é um desafio mas começo a conseguir colocar em prática, mais que não seja por uns instantes.  Chegada à Rua de S. Bento, apanhei o 28E completamente à pinha com estrangeiros. Vou redescobrindo Lisboa que me serve de aconchego e me lambe as ferida...

Detox

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Tomei a decisão de desativar (provisoriamente) a minha conta do Facebook.  Desde há alguns anos que sinto o desejo de o fazer mas, ou adio, ou faço-o e logo retrocedo na minha decisão. As redes sociais são, na minha opinião e experiência pessoais, do mais tóxico que pode haver. A mim, pessoalmente, têm-me levado a cimentar ainda mais a necessidade de validação exterior como se só conseguisse ver algo de bom em mim quando alguém de fora diz que eu tenho motivos para isso. As redes sociais reforçam amizades virtuais que pouco ou nada têm de real. Fazem-me refém da comparação com o outro, com a vida do outro. Deixam-me num estado que oscila entre a letargia e a mais profunda depressão.  Não é fácil para mim reconhecer este peso e influência. Mas é mais fácil do que manter um comportamento destrutivo que não me faz bem. Esta decisão foi tomada no seguimento de uma noite puxada em que tive de lidar com emoções que reprimi durante muito tempo. Senti dor mas, ao mesmo tempo, alívio. ...

Festa Rija

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A enfrascar-me num Festa Rija antes de ir para a cama. Tudo vem ao de cima. Lágrimas, dor, recordações. Mas se é para mergulhar, irei embriagada e saberei rir de todos os instantes em que me apeteça chorar. Não haverá ninguém para me acusar de ser fraca, sensível ou emocional de mais. Vivo à margem. E não, não está tudo bem. Começo a entender que, quanto mais eu fujo mas penosa é a minha caminhada. P. S. Mas o vinho é mesmo bom! 

Remoinho

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Não sei quem sou. Sou completamente ignorante no que diz respeito ao ser que me habita. Quando o vejo à espreita, não o encaro. Quando este ser estranho quer chorar, critico-o severamente. Quando quer sentir, bloqueio-o automaticamente. E ele acobarda-se temeroso com o peso do meu chicote mental.                                                                              Reconheço as artimanhas nas quais me coloco a mim                                                                        ...

"Escuta e serás sábio. O começo da sabedoria é o silêncio." | Pitágoras

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Por ora

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A descer

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O fim de semana foi difícil, apesar de estarem dias agradáveis que convidam a um passeio, apesar de não haverem desafios exteriores que pronunciem um descalabro. Mas foi difícil porque senti. Senti a tristeza, o vazio, o penoso que é carregar dentro do peito situações mal resolvidas e a ausência de sonhos. Tenho alguma resistência em falar disto porque idealmente gosto de projetar uma imagem de força e de serenidade que, a bem da verdade, existe mas efetivamente não é nem consigo que seja constante. Sou levada ao passado, a palavras que me magoaram, a circunstâncias que me fizeram fechar o coração em vez de o abrir e percebo que continuo refém de quem as proferiu. Não pretendo culpabilizar ninguém pelo que escolho carregar. Aqueles que passaram pela minha vida foram meus professores e mestres e, não fosse pela ação deles, talvez nunca me tivesse dado conta dos bloqueios que insistem em minar a minha alma. Sim, foi um fim de semana difícil! Chorei o que não quis chorar antes e avivei o ...