Rendição

Certas rendições tornam-nos humildes, trazem-nos de volta à terra e colocam-nos de joelhos. Abandonamos certezas e convicções. Deixamos o nosso ego em parte incerta e olhamos para o céu.

Ao contemplarmos a imensidão que é um céu estrelado, percebemos o quão pequeninos somos. Essa “pequenez” não visa diminuir a nossa alma, mas sim fazer-nos entender que não estamos sós, não somos mais nem menos do que ninguém, as nossas dores não são necessariamente mais dolorosas do que as dores dos outros, nem a nossa felicidade é mais ou menos importante do que a do outro.

Nestas horas, às vezes apenas minutos, às vezes apenas segundos, rendemo-nos. Ou porque o cansaço é demasiado, ou porque as dúvidas são muitas ou porque há muito que a nossa alma nos tenta levar por outro caminho - aquele a que ainda resistimos -, e percebemos que está mais do que na altura de a escutar.

Apesar do enorme esforço físico, mental e emocional que nos é exigido para uma rendição de tal envergadura, para mim há uma beleza inigualável no processo.

É nesta rendição que descobrimos que nem tudo é o que parece. Algumas coisas são reais. Muitas ilusórias. Descobrimos a um nível mais profundo verdades sobre nós mesmos que não eram conscientes. De que podemos ser capazes de atitudes mesquinhas, mas que também jaz em nós a essência do curador.

E regurgitamos lembranças e memórias incómodas,...
E soltamos o grito da revolta que estava preso na garganta,...

Depois é preciso voltar à caminhada. Apenas por fora pareceremos os mesmos. Já o nosso interior contará uma outra história.

P.S. Imagem retirada da net, pode ter direitos de autor.





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