Descidas

 A calmaria da natureza contrasta com o meu caos interior. Gosto de calmaria mas tenho aprendido a amar também o meu caos.

Já desci ao fundo do poço uma vez. Fui arrastada, forçada e fi-lo enquanto todas as minhas forças me abandonavam. É possível morrer-se e estar-se vivo? Sim, é possível. Acredito que todos nós, sem excepção, passamos por isto, uma ou várias vezes. E em cada regresso, descobrimos algo sobre nós mesmos que, até àquela altura, nos era completamente desconhecido: SOMOS MAIS QUALQUER COISA DO QUE AQUILO QUE ACHAVAMOS QUE ERAMOS. E isto é LINDO! A dor é uma merda, eu sei, mas renascer é lindo.

Volto a descer ao fundo do poço, mas desta vez não vou contrafeita. Aprendi a aceitar a minha tristeza, a permiti-la, a dar-lhe tempo, a dar-me tempo para chorar o que tenho a chorar e a tornar - me mais leve nesta limpeza interior que vai sendo feita. E a sombra parece-me então tão linda como a luz porque também ela existe e faz parte de mim. E ao aceitá-la vejo-me inteira, plena, com cada pedaço meu a encontrar um encaixe num outro pedaço meu. Não há falhas, nem imperfeições. Sou o que sou, como sou.

Que tem isto a ver com estas fotos? Tudo e nada.

Já repararam que a natureza não pede permissão a nada nem a ninguém para ser o que é? E é linda e perfeita. Perco-me a maravilha-la e só me sinto um pouco frustrada pela câmara do telemóvel não conseguir captar toda a sua beleza. É preciso vê-la sem filtros, como eu espero que um dia nos consigamos ver a nós mesmos, sem filtros. 

Pelo menos, este é o meu desejo.






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