A mente e os pensamentos

A minha mente é frenética, como todas as mentes. Comecei a reparar na velocidade com que os pensamentos vão e vêm, vários pensamentos, diversos pensamentos acerca de tudo e de nada. Não há domínio, mas explicaram-me que não temos de dominar os pensamentos. Nem o conseguiríamos fazer. O que temos de trabalhar é a nossa não identificação com eles. 
Se prestarmos a devida atenção verificamos que o pensamento provoca sempre uma sensação. Se for algo bom, como a imagem de alguém de quem gostamos, o nosso corpo reage de uma forma. Pelo contrário, se vier à nossa mente a lembrança de alguém que nos desagrada ou de uma situação que nos tenha provocado ou ainda provoque desconforto, sentimos o germinar da cólera, raiva ou medo dentro de nós.
Acho que é assim com toda a gente, mas como não posso falar por todos, admito que pelo menos é assim comigo.
Presentemente, reconheço que tenho mais pensamentos de desconforto do que pensamentos agradáveis. Logo as sensações geradas são mais de desconforto do que o inverso.
Isto nada tem a ver com o meu grau de felicidade ou infelicidade. É apenas uma constatação de que, na maioria das vezes, penso de forma errada sobre as coisas, reajo em consequência à minha perceção errada das coisas o que provoca um tipo de sentimento indesejável. Possivelmente isto tem sido o normal ao longo da minha vida, mas até há pouco tempo nunca tinha tido essa consciência.
Ter consciência não permite, por si só, inverter a situação. O ser humano é um ser de hábitos e até a nossa forma de pensar segue essa lógica. É impressionante a carga negativa que ingerimos todos os dias! Consegui detetar algumas situações bastante simples e rotineiras como irritar-me quando o metro avaria ou quando entram muitas pessoas no elevador (não gosto de estar num elevador cheio de gente), e entretanto a porta fecha-se e há mais uma alma que carrega no botão para entrar e só me apetece explodir; revejo isso na insegurança que sinto na minha prática de yoga quando deixo que o pensamento comece a inquirir se estou muito gorda ou não, ou a preocupação com algo que tenho medo que aconteça mas que até pode não acontecer ou, pelo contrário, a expectativa e ansiedade geradas devido a algo que quero que aconteça mas que também pode não acontecer,…

Vou deixando que a minha vida seja guiada por este meu rodopio mental. É por isso que me faz todo o sentido quando dizem que a felicidade e a infelicidade são estados mentais. Somos mais ou menos felizes de acordo com o grau de satisfação das nossas mentes. E a mente hoje quer uma coisa e amanhã já quer outra, e depois chega à conclusão que afinal não quer o que quis no dia anterior, mas sim uma outra coisa qualquer. E anda assim de galho em galho como um macaco. E nós seguimos a mente, de galho em galho.
O que eu tenho tentado fazer, a um nível muito pessoal, é não me deixar afetar pelo que penso, não deixar que opiniões ou julgamentos da minha mente dual sobre situações e pessoas determinem a forma de me relacionar com o “outro” (este “outro” em sentido genérico), com a vida e sobretudo comigo mesma. Tento fazê-lo e falho todos os dias! Se ganhasse um euro por cada tentativa fracassada, estaria milionária!!! Mas honestamente não vejo outra forma de fazer as coisas, nem sinto que o caminho pode ser outro. Hoje é assim.

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