O eterno retorno

Voltei às caminhadas, mas não exatamente da mesma forma. O caminho é o mesmo. Atravesso o Jardim da Estrela, desço pela Calçada da Estrela, passo junto à Assembleia da República, continuando pela Rua de S. Bento. Atravesso a Rua dos Mastros e viro à esquerda. Os meus pés seguem rumo pelo Largo Conde-Barão, Rua da Boavista, Rua de S. Paulo, Rua do Corpo Santo, Largo do Corpo Santo, Rua do Arsenal até chegar à Praça do Comércio. Para quem me leia talvez isto não tenha importância nenhuma, mas para mim tem e muita. As caminhadas que faço por Lisboa estão ligadas à minha alma e em cada passo na matéria, sinto que também a minha alma caminha. Há coisas que não consigo explicar por palavras e esta é uma delas. Regresso aos mesmos locais porque reencontro em cada canto memórias de Lídias do passado. Consigo ter presente a roupa que vestia, o que sentia, o que me vinha à mente, onde entrei, onde saí, se chovia ou se fazia sol. Lembro-me da Lídia que, naquele instante que hoje é passado ti...