Tempo

Saí por uns breves instantes. Sentei-me num banco do jardim frente ao rio.
O tempo parou. Todas as minhas resoluções para este ano estão em stand by. O futuro é incerto, mas é certo que incerto ele sempre foi.
Não era suposto escrever mais, talvez como gostaria de não sentir mais. Mas escrevo e sinto e desiludo-me e desiludo. 
O preço a pagar por querer ser genuinamente EU MESMA é por vezes demasiado elevado. Pergunto-me se vale a pena, mas já sei a resposta. Sim, vale a pena! Vale a pena vivermos de acordo com a nossa essência, com coragem e determinação e amarmos todas as partes do nosso ser que, em comunhão, constituem quem somos.
Não é fácil, porém. A quarentena forçada parece isolar-me do mundo, sem permissão para estender os meus braços. Falta-me o ar. Falta-me vontade. Falta-me alegria. E há momentos em que essa falta me é tão desconfortável que me recolho voluntariamente só para não lidar com as ausências.
São os refúgios dentre dos refúgios; esconder a cabeça debaixo dos lençóis quando todo o resto da casa já está às escuras e perder-me nos livros para não me perder fora deles.
Verifico, contudo, uma vantagem. O silêncio que é trazido pelo vazio de palavras. E esse tempo que pára é tempo que se ganha para o entendimento e descoberta.

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