Valemos a pena

Agarramo-nos frequentemente à ideia de “sorte” e de “azar” para nos valorizarmos em relação aos outros ou vitimizarmo-nos com a mesma intensidade.
Podemos tentar procurar uma explicação para as situações boas e adversas. Podemos culpar os astros, acusar o karma. Podemos vir com o argumento das vidas passadas e da inevitabilidade de recebermos o bom e o mau das nossas ações.
Sei no que acredito. Não acredito por ser lei, nem uma verdade que dou como certa e garantida. Acredito porque hoje, tempo presente, é o que me faz mais sentido. Não obstante, insisto para comigo mesma que não devo focar-me muito no passado para sarar feridas. O que interessa é o que escolho fazer no momento do agora.
Sim, como humana que sou, já invejei, já olhei para os outros e chorei como se a vida alheia fosse em tudo melhor do que a minha, como se as suas recompensas fossem mais compensadoras do que as minhas, como se os seus dias fossem repletos de presentes. E como, julguei eu!, queria tudo isso para mim, abarcar todos esses “miminhos” no meu regaço...
Ontem, enquanto me lamentava mais uma vez, disse para mim mesma: “Porque te sujeitas constantemente a passar pelo mesmo, a cometeres os mesmos erros, a repetires as mesmas estapafurdices?”
Ui, caiu-me a ficha: “Porque TU te sujeitas?”. Aí está, não são os outros que me sujeitam, sou eu que me sujeito a mim mesma.
Há que ser realista, não nascemos todos com as mesmas faculdades ou capacidades. Não nascemos todos para brilhar no Mundo, mas podemos brilhar no nosso mundo e no de quem nos rodeia. Podemos tentar fazer a diferença mesmo que dando pequenos passos. Podemos fazê-lo de forma tímida e quase imperceptível.
Podemos acordar amanhã sabendo que ainda não chegámos à meta, mas sentirmo-nos gratos porque estamos a caminho.
Podemos tentar, podemos arriscar. Podemos acreditar no futuro. Podemos acreditar em nós mesmos e sentirmo-nos dignos de receber coisas boas, sorrisos e abraços.
E acima de tudo, reconhecer todas as nossas conquistas. Não haverá coisa mais triste do que chegar a um momento da vida em que sentimos saudades de tudo o que tivemos e não conseguimos valorizar.
Por isso valorizemo-nos a nós próprios sobretudo.
Somos bons.
Somos suficientes.

Valemos a pena.

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