Valemos a pena
Agarramo-nos frequentemente à ideia de “sorte” e de “azar”
para nos valorizarmos em relação aos outros ou vitimizarmo-nos com a mesma
intensidade.
Podemos tentar procurar uma
explicação para as situações boas e adversas. Podemos culpar os astros, acusar
o karma. Podemos vir com o argumento das vidas passadas e da inevitabilidade de
recebermos o bom e o mau das nossas ações.
Sei no que acredito. Não acredito
por ser lei, nem uma verdade que dou como certa e garantida. Acredito porque
hoje, tempo presente, é o que me faz mais sentido. Não obstante, insisto para
comigo mesma que não devo focar-me muito no passado para sarar feridas. O que
interessa é o que escolho fazer no momento do agora.

Ontem, enquanto me lamentava mais
uma vez, disse para mim mesma: “Porque te sujeitas constantemente a passar pelo
mesmo, a cometeres os mesmos erros, a repetires as mesmas estapafurdices?”
Ui, caiu-me a ficha: “Porque TU
te sujeitas?”. Aí está, não são os outros que me sujeitam, sou eu que me sujeito
a mim mesma.
Há que ser realista, não nascemos
todos com as mesmas faculdades ou capacidades. Não nascemos todos para brilhar
no Mundo, mas podemos brilhar no nosso mundo e no de quem nos rodeia. Podemos
tentar fazer a diferença mesmo que dando pequenos passos. Podemos fazê-lo de
forma tímida e quase imperceptível.
Podemos acordar amanhã sabendo
que ainda não chegámos à meta, mas sentirmo-nos gratos porque estamos a
caminho.
Podemos tentar, podemos arriscar.
Podemos acreditar no futuro. Podemos acreditar em nós mesmos e sentirmo-nos
dignos de receber coisas boas, sorrisos e abraços.
E acima de tudo, reconhecer todas
as nossas conquistas. Não haverá coisa mais triste do que chegar a um momento
da vida em que sentimos saudades de tudo o que tivemos e não conseguimos
valorizar.
Por isso valorizemo-nos a nós
próprios sobretudo.
Somos bons.
Somos suficientes.
Valemos a pena.
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