Regressar
Sou caminhante mas os meus pés já não me levam a percorrer as ruas de Lisboa. Gosto de pensar que encontrei algo na minha vida que já não requer este hábito. Ou, talvez, seja a idade que me deixa assim.
Desci do autocarro no Marquês e segui pela Avenida da Liberdade. A enchente de turistas, conjugada com as obras, cheiro de urina nas ruas e barulho excessivo já não me é apelativo.
(Continuo a adorar-te Lisboa mas acho que mudámos as duas!)
Em diversos momentos pensei em voltar a fotografar: um restaurante com uma decoração excêntrica, uma loja com enfeites de Natal, a fachada do Teatro Politeama a fazer promoção ao musical "A Bela e o Monstro" de Filipe la Feria, o Castelo de S. Jorge iluminado no alto. Mas,... Mas já não me apetece. Já não tento registar para depois recordar. E com esforço, porque me dói o corpo, lá me arrastei até ao metro do Terreiro do Paço.
Tudo isto me mostra como de facto o tempo corre, nós vamo-nos transformando e isso é visível por vezes em coisas aparentemente tão simples.
Quero ir para casa, para o meu lar.
Disseram-me em tempos para parar de fugir. Acho que parei.
Disseram-me em tempos para aceitar quem vim ser. Talvez esteja a fazê-lo, o quer que isso signifique.
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