Em processo

Tive hoje consulta de psicologia. A terceira. A primeira deu-me esperança. Na segunda não senti o mesmo ímpeto. Hoje creio que talvez tenha conseguido um certo equilíbrio.

Há ideias e emoções minhas com as quais estou familiarizada. Há certos padrões que são reconhecidos. Mas hoje consegui alguns insights que ainda não eram tão óbvios para mim. Foi produtivo.

Enquanto estava na sala de espera, a aguardar a minha vez, chamou-me à atenção uma senhora de certa idade a brincar com o neto. A criança ria e a senhora ria a cada gracinha feita por aquele menino pequenino. Por momentos, desejei poder voltar a ser criança. Fazer-me tábua rasa e poder construir uma nova história, uma nova pessoa. Conforme comentei depois com a minha psicóloga, sei que todos nós temos dificuldades de alguma espécie e para cada um de nós os seus desafios são sempre perspectivados com uma certa dose de dificuldade. Não sofro mais do que os outros. Mas estou cansada de fazer esta caminhada. Não estou cansada de existir, mas sim de existir neste formato. 

Estou cansada de olhar para as minhas barreiras e de elas me parecerem tão intransponíveis. Percebi, ao falar com ela, o quanto a imagem que faço de mim mesma também condicionou a forma como me relaciono com os outros. Refleti sobre o quanto a minha solidão se tornou num escape. Entendi o quanto eu desejo a presença mas só busco a ausência. O quanto eu preciso de ajuda mas busco a independência. O quanto preciso de sentir mas escolho a razão. O quanto preciso de abandonar fortalezas mas escondo-me por detrás da máscara da empáfia.

Quero mudar! A minha psicóloga diz que tenho de ter paciência. Resolver questões tão enraizadas leva o seu tempo.

Não sei se tenho tempo mas sei que não há nada na minha vida que neste momento seja mais importante ou mereça mais o meu esforço. Por isso, seja o meu tempo longo ou breve, é nisto que terei de me focar.