"(...) não quero que todas as minhas más experiências me façam perder a fé no amor e na vida."
Ouvi hoje um áudio de uma terapeuta em resposta a uma questão colocada por uma das suas interlocutoras sobre o papel de mãe que tantas vezes desempenhamos em relação a quem precisa, sendo que depois não encontramos um retorno quando somos nós a precisar. Não me revejo propriamente nesta situação mas fez-me pensar sobre a dinâmica das minhas relações com as outras pessoas.
Volto (claro está!) sempre ao mesmo exemplo mental, ainda que não o verbalize. O que percebo hoje sobre mim mesma?
1- Tenho dificuldades nos relacionamentos;
2 - Quando gostava / gosto de alguém não sei o que fazer para me tornar "atraente" aos seus olhos. Não me refiro apenas fisicamente, mas também a nível de personalidade;
3 - Durante muito tempo achei que se eu me mostrasse mais maternal, isso me tornaria "desejável" aos seus olhos.
[Sim, é meio ridículo, mas permitam-me, por favor, o desabafo!]
4 - A dada altura percebi que as pessoas (diga-se homens) de quem eu gostava poderiam sentir um carinho por mim devido a essas características, mas não amor. Traduzindo: viam-me como uma mãe, não como um mulher.
Foi essa tomada de consciência que proporcionou toda aquela minha fase de raiva há uns anos.
Reparem na ironia: o acto de desempenhar um "papel" para conquistar alguém quando a pessoa que queremos conquistar procura alguém que seja o oposto do "papel" que estamos a desempenhar.
[Ufa!!! Foi difícil chegar aqui!]
Nestes últimos três anos tenho tentado encontrar o equilíbrio que eu, em plena consciência, sei que ainda me falta. Passei de um extremo ao outro - do "dar afecto ao outro" ao "rejeitar o outro".
Está a ser difícil, muito difícil. Não consigo deixar de pensar que toda essa minha faceta me tornou numa pessoa frágil e vulnerável. Não consigo deixar de pensar que toda a gente me viu como uma pessoa frágil e vulnerável e hoje é tão doloroso para mim mostrar vulnerabilidade.
Acresce a isto que, quem foi entrando na minha vida nunca quis ficar muito tempo e todas as minhas tentativas de mostrar afeto foram desconsideradas.
Acho que é por tudo isto - seja real ou apenas a minha percepção das coisas - que tenho deixado ir tanta gente embora. Acho que é por tudo isto que tenho aceitado com tanta facilidade as ausências.
Não quero ter de fingir que sou algo para que as pessoas gostem de mim. Não quero sentir que tenho de "pagar" de alguma forma para ter a atenção e o amor das outras pessoas. Acima de tudo, não quero que todas as minhas más experiências me façam perder a fé no amor e na vida.
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