Por qual verdade?

Não tenho conseguido que as palavras me saiam. Talvez porque entro numa fase de vulnerabilidade e receio que o que penso e sinto se revista de vitimização e fraqueza.

Vim para o meu cantinho predileto junto ao aqueduto, hoje infelizmente com mais barato devido a umas obras próximas. Observo ao longe o miradouro de Monsanto e reflito uma vez mais sobre a minha vida e as minhas escolhas.

Como já referi anteriormente, a minha fé sofreu um abalo e nos últimos tempos tenho procurado as respostas em outros locais e credos. A conselho de uma amiga peguei na Bíblia. Li ontem a carta de São Tiago. As frases revestem-se de sabedoria, mas não sei se é por aqui que devo seguir. Os católicos fervorosos dizem que Deus é o único caminho, mas será que é? Será que Ele existe?

Há uma parte de mim que quer acreditar. Há outra parte que tem medo. Se Ele existe talvez eu já tenha blasfemado tanto que não seja mais possível redimir-me.

Eu quero a verdade, mas tenho medo da verdade tal como tenho medo Dele. Se a vida não é isto que eu vejo, cheiro, provo e intuo, a vida é o quê? Se a Bíblia é o livro da verdade, seremos então todos pecadores? Se ser pecador é um dado adquirido, o que estamos aqui a fazer?

E se eu rejeitar isto e regressar de novo à minha antiga visão de espiritualidade, o que poderei eu esperar encontrar quando neste preciso momento a ponho em causa?

Mostram-me caminhos e eu não tenho vontade de seguir nenhum deles. Olho agora com desconfiança para as árvores que tanto me encheram o peito de alegria.
Tudo pode ser uma manifestação do sagrado. Ou tudo pode ser nada.

Caminho nas margens, parece-me hoje mais claro do que nunca. E talvez a explicação esteja apenas na minha natureza complicada e orgulhosa. Sim, também sou isto, teimosamente orgulhosa.
Não sei se conseguirei admitir a mim mesma qual o principal motivo pela rutura no meu sistema de crenças, mas sei que, suscitada a primeira dúvida, já não é possível voltar a trás.



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