Deixa ir! Deixa ir!
Março chegou e com ele a chuva que substituiu um pouco o frio. Março também me trouxe os reencontros só para perceber que nada mudou. Por vezes, sinto-me um ratinho preso numa roda com a consciência de que pareço um ratinho preso numa roda. Apetece-me deixar estar, não lutar, não desejar, não querer mais nada a não ser aquela roda que me é tão familiar. Mas custa-me desistir tão facilmente e tão cedo como se, aos 40 anos, eu pudesse achar que a minha vida está decidida.
"Deixa ir Lídia, deixa ir!", digo a mim mesma e torço para que, desta vez, eu me dê ouvidos.
Não faço ideia por onde seguir. Não percebo muito de caminhos curtos ou longos. Não olho de frente para a minha dor, somente a observo pelo canto do olho e até o que brevemente vislumbro finjo não ver. Talvez siga um pouco ao calhas como quando tento planear os meus fins de semana e anseio por preenchê-los com "passos dados" só para não me perder na apatia. Fazer qualquer coisa para não me amargurar por ter feito coisa nenhuma.
Curo algo mas outros tantos algos continuam a doer. O meu desconforto grita-me, morde-me o pé como um cão raivoso. Ainda assim estou bem, seja esta tranquilidade real ou apenas uma armadura que se incrustou na pele.
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