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A mostrar mensagens de fevereiro, 2023

Não vou fugir hoje. Irei para a casa.

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Tenho-me sentido ansiosa nos últimos dias. Habitualmente, a caminhada é o meu maior e melhor remédio. Mas, de alguma forma, também é uma fuga. O tardar a chegar a casa, o evitar os momentos noturnos em que, frente à TV, penso na minha vida. Não vou fugir hoje. Irei para a casa. Desmontar, finalmente, a árvore de natal que ainda se encontra no escritório quando estamos quase em final de fevereiro. Aspirar a carpete da minha sala. Escovar os panos que protegem o meu sofá. Fazer a cama. Acender um incenso. E depois sentar-me a ler. Tenho medo de sentir mas não posso fugir mais. Por outro lado, o medo faz-me regressar a algo. Que será? Próxima proposta de leitura:

Pelos Trilhos de VFXIRA

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Ontem foi dia de Carnaval. Após o teletrabalho de manhã, e estando dispensada de trabalhar à tarde, resolvi aventurar-me pela encosta que vai de Vila Franca de Xira até ao Miradouro de Monte Gordo. Durante o confinamento tinha feito o percurso de carro que significa contornar o monte e subir depois pelo Caminho do Miradouro de Monte Gordo, íngreme mas alcatroado, o que é uma benesse. Tinha lido, contudo, que era possível percorrer o trilho por dentro, a pé. Percebi que o início seria algures pela velha Pedreira, onde já tinha estado, e assim foi. Na minha lógica bastante simples tratava-se de apenas subir ou descer pelo que não poderia ser muito difícil certo? Errado. Encontrei o trilho mas a dada altura devo-me ter enganado. Quando dei por mim estava entre ramos, silvas e espinhos que me dificultavam a passagem. Perdi-me no meio de uma vegetação densa. Sossegou-me o facto de ainda ser de dia e de conseguir ouvir os carros a circularem perto. Acho que nunca me aventurei tanto no meio d...

Tempo circular?

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Não gosto de remexer no passado. Estou em paz e penso que é melhor deixar as coisas como estão. Mas, lembro-me mais do que ocasionalmente e parece-me que hoje sonhei com isto. Ou talvez não. Se me perguntassem diria que, na altura, oscilei entre o sentimento de culpa e a mágoa. A culpa pela minha reação. A mágoa pela reação do(s) outro(s). Nos meses que se seguiram fiz o meu processo. Existem coisas que fortaleci em mim mesma: a minha força interior - positivamente - e a minha incapacidade de sentir - negativamente. Torço o nariz à ideia de sentir. Sinto o bloqueio em mim. Reconheço a sua forma como se me tivesse sido transplantada no peito. Não há karma para amaldiçoar porque assumo a responsabilidade pelo que existe em mim. Pensei nisto ontem, a caminho de casa, e enquanto observava Lisboa pela janela do comboio. Fecho a caixa de pandora e coloco-a de novo na prateleira mais alta, inacessível mesmo que me coloque em bicos dos pés. Não gosto de remexer no passado. Estou em paz e pens...

O "Conhece-te a ti mesmo" no dia de S. Valentim

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses." Citei esta frase num dos primeiros posts que escrevi neste blog. Na altura, frequentava a NA e recordava a minha incursão naquela escola. Veio-me hoje à lembrança, novamente, em pleno dia de S. Valentim. Cada vez mais acredito que a melhor forma de estarmos em paz connosco mesmos é a de nos conhecermos, de percebermos quem somos.Volto um pouco atrás na minha reflexão. Ontem vim de carro para Lisboa. Tinha aula ao final do dia e receava que, devido à greve da CP,  não houvesse comboio. Ao longo do dia, em vários momentos, a caminho da capital, no trabalho, na própria aula, houve troca de palavras, comentários, ações que despoletaram sensações de desconforto em mim. Não foi absolutamente nada de especial. Tenho plena consciência disso, mas logo uma porta interna se abriu no meu peito como que a relembrar-me de que há uma ferida ali para curar. Sabem qual é a minha reação imediata? Querer fugir das pessoas. Voltar para...

À descoberta das Galinheiras

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Este Sábado participei  numa caminhada guiada pelas Galinheiras, orientada por Euprémio Scarpa e organizada pela Quinta Alegre. As Galinheiras não têm a melhor fama, mas sem dúvida que é uma zona cheia de vida e de histórias que merecem ser partilhadas. Dado o meu fascínio por Lisboa e o meu desconhecimento desta zona, achei que seria uma oportunidade interessante. Eramos um grupo de cerca de 18 pessoas, a maioria pessoas mais velhas do que eu (parecia-me pelo menos!). Iniciamos o percurso pela Vila Carlos Henrique. As "Vilas" são pequenos aglomerados de casas pequeníssimas que, conforme nos foi explicado, eram muitas vezes construídas da noite para o dia. Tinham depois uma espécie de pátio central, área comum, o que fazia com que existisse um forte sentimento de comunidade. Ao longo dos anos as casas foram sendo melhoradas, ampliadas, mas a maioria destas Vilas permanecem ilegais, em termos de terreno, de onde foram construídas, apesar de pagarem os seus impostos.  São as ch...

Reflexões em dia de greve

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Esta quarta-feira começou com greve da CP. Vim de carro, para Lisboa, ainda antes do sol nascer. Vim na companhia dos meus pensamentos. Analisei a minha vida que me parece tão plena de algumas coisas e tão desprovida de outras. Tenho-me apercebido de que as minhas compulsões estão a agravar-se uma vez mais. Conheço-me o suficiente para reconhecer os sinais ainda que nem sempre saiba o que despoleta as minhas crises. Já em Lisboa, ao passar a ponte que atravessa o Parque Urbano do Vale Marvila, fitei por uns instantes a lua lá no alto, ainda plena, ainda luminosa, ainda bonita. Digo para mim mesma que tenho a vida que preciso de ter mas parece-me que, de todos os primos Mal***q*e e de todos os primos P***s , eu sou a que destoa mais. Nem sempre estou bem com isso. Nem sempre aceito o caminho que me está reservado. Já me retirei de um qualquer papel de pedestal em que me coloquei e que me fazia crer que eu vinha para curar a linhagem familiar. Tretas! Não venho curar ninguém a não ser e...

"And the dreams that you dream of... Dreams really do come true"

Passados alguns meses regresso a um restaurante onde ganhei, em 2022, o hábito de ir. A vida está cara pelo que já não almoço fora com muita frequência. Acresce que o "Caçador de Xabregas" faz-me pensar no meu Leo. Lembro-me de estar aqui a pensar nele, preocupada com a sua saúde. Regressar aqui hoje não foi planeado, mas gostei de rever as velhas ruas da zona sob um sol de Inverno mais a puxar para a Primavera. Traz-me memórias que nem um ano têm. Sinto paz em mim e pela companhia que proporciono a mim mesma. Aceito-me como nunca e apesar das minhas dificuldades relacionais acredito e confio no meu processo.   Por fim, a minha mente registou a mensagem de “Somewhere Over the rainbow” na voz de uns fantásticos cantores de rua que se encontravam a atuar junto ao Mirandouro da Nossa Senhora do Monte.   Oiçam! Vale a pena!   Somewhere over the rainbow Bluebirds fly And the dreams that you dream of Dreams really do come true-ooh-ooh

"Quanto mais tu te organizas do lado de dentro, mais a vida se organiza do lado de fora." | Autor Desconhecido

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