Sonhos e reflexões

Tive um sonho...


"Recusei uma ida ao cinema com o meu grupo de amigos e dirigi-me a uma paragem de autocarros que se encontrava no que reconheço como o eixo norte-sul, no troço que desce até passar por debaixo do Aqueduto das Águas Livres. Esperava por um autocarro que me levasse ao Oriente. Como tardava em vir o autocarro que pretendia, decidi apanhar o próximo que passasse. E assim foi. Lembro-me de entrar meio à força, talvez com receio de ficar em terra. O ambiente era um pouco familiar. Diziam-me - "Pode sentar-se aqui!" - enquanto preparavam o assento fofo para que eu me sentasse. A viagem sofre, entretanto, um desvio. Uma mulher explica que já há muito tempo que queria fazer uma visita a uma vidente de que ouviu falar pelo que somos todos arrastados para a sua suposta residência. A vidente recebe-nos a contragosto, de forma mal-humorada. Não consigo precisar todos os momentos que vislumbrei, mas recordo-me de ver e mexer em peças que faziam lembrar o tempo da Grécia e Roma Antigas. Pelo menos, esta é a descrição que dou a um senhor que também me aparece no sonho e a quem eu narro esta viagem.
Lembro-me também de duvidar dos poderes da vidente e questionar por que motivo as pessoas acreditam nisto. 
Há um momento em que me é permitido ver parte do processo. O consulente entrava na sala e do outro lado estava a vidente. Havia uma espécie de coluna horizontal de aquecimento e o calor que ascendia tinha o efeito de desfocar a visão pelo que, quando consulente olhava em frente não conseguia ver a vidente com nitidez, mas apenas a sua forma. Era nesse momento que, suspostamente, a vidente dava a informação sobre o que via no futuro."

Este sonho é revelador, penso eu, da minha atual descrença na forma como se vive a espiritualidade. Mas não deixa de ser curioso que o autocarro que eu apanho seja aquele que me leva ali, àquele espaço. Por outro lado, talvez o desconforto manifestado pela vidente, seja o meu próprio desconforto pelo recurso excessivo a estas práticas.

Comentava hoje de manhã com a Mónica este meu sonho quando ela me relembrou que só podemos viver de acordo com a nossa verdade e o que nos parece verdade hoje, pode amanhã deixar de o ser.

Nunca me senti tão desconectada destas práticas, nunca - como a Mónica me alertou - procurei tanto a validação da minha descrença. A espiritualidade tornou-se numa moda que enriquece os bolsos de muitas pessoas. Mas quanto mais penso nisto, mais entendo que não tenho de me preocupar sobremaneira com as escolhas dos outros. Cada um vive na sua verdade e fará o percurso que tiver de fazer independentemente do que a mim me pareça. E se pensar bem, também é certo que em tempos idos segui mestres e professores que, possivelmente, também faziam aquilo que eu hoje tanto critico.

Há uma outra parte do sonho que me fez sorrir que mais não é do que o meu eterno gosto pelas caminhadas, pelos passeios por Lisboa. Quando fecho os olhos, vejo pedaços desta cidade como se fossem frames de um filme a deslizarem na minha mente. Traz-me alguma tranquilidade, sobretudo hoje que não me sinto assim tão tranquila.












(Imagem tirada da internet, pode ter direitos de autor)

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