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A mostrar mensagens de abril, 2022

(Des)controlo

Sou uma pessoa que gosta de ter o controlo em todas as situações. As minhas emoções são diariamente armazenadas nas devidas gavetas. Não digo isto com nenhuma ponta de orgulho. Mensalmente, há um momento em que entro numa espiral descendente. Tudo o que retenho, bloqueio, nego, escondo, acaba por vir à superfície. Por mais difícil que isto seja para mim, e é bastante, permito-me a viver esse descalabro, permito-me a chorar, permito-me a sentir raiva, mágoa e tristeza. Trabalhar na cura implica que consigamos primeiro reconhecer o que é necessário que seja curado. Não é fácil fazer esse processo de identificação, não é fácil reconhecermos que sentimos dor, que há situações que nos causam uma dor profunda. Já repararam como isso nos exige um olhar atento ao lado escuro da nossa alma, onde guardamos mazelas emocionais e outras tantas coisas que, não sendo necessariamente más, habituamo-nos a denominá-las de erros, pecados ou proibições?  Estou nesse momento de tensão. Choro enquanto m...

Artérias

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Estou atordoada. Este meu estado já me levou a enfardar um kebab em pleno Martim Moniz. Lá se vai o trabalho das últimas aulas de ginásio! Não me apetece ir para casa. A temperatura subiu. Apetece-me caminhar, caminhar e caminhar. [Lisboa desvenda-me por favor os teus segredos!] Cruzei em passo acelerado o Jardim do Torel e segui por ruas por onde nunca tinha passado antes. Descobri onde, supostamente, morreu Luiz de Camões e, porque uns nascem e outros morrem, descobri igualmente o local onde nasceu Amália Rodrigues. Próximos um do outro. Ao descer pela Calçada Garcia, passei pelo Everest Montanha. Fui a este restaurante em 2017. Lembrei-me disso, dos amigos que me acompanharam, dos amigos que já não o fazem. Há coisas em que eu insisto em não pensar, mas a vida não permite fugas nem assuntos não resolvidos. O que não aprendemos a bem aprenderemos à força e à força pode significar, consoante o nosso grau de resistência, a mal. Tudo me vem de enxurrada, tais emoções engolidas à forç...

Ziguezagues mentais

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Há um silêncio que se instala numa sala despojada de gente. Os dedos vão correndo as teclas que lançam letras que formam palavras que formam frases. Obedecem, ou parecem obedecer, ao que a mente dita, mas a mente não está certa de que esteja a ditar alguma coisa. A luz natural ilumina o espaço exterior. Mas o que iluminará o espaço interior, as cavidades da alma onde se guardam os segredos mais profundos? O barulho do ar condicionado e do avião que sobrevoa os céus vão, entretanto, cortando o silêncio. Já não há ausência plena de barulhos. Os ouvidos já captam algo que, contudo, pouca ou nenhuma importância terão para a história em causa. Há algo mais importante para ser ouvido. O coração a bater, a vida a correr nas veias. Mas e se tão somente ela conseguisse prestar-lhes a devida atenção sem medos! A sala, outrora a sala que era apenas despojada de gente, vira uma prisão sem grades. Ela enterra-se na cadeira, inerte, sem planos. "Sou, não sou... Sou, não sou... Sou, não sou......

Dia do mês

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Regresso àqueles momentos mensais. Há um torpor mental. Deixo-me estar recostada no sofá, com uma manta sobre as pernas. Abandono-me à leitura. Desde há uns dias que ando a ler o "Ensaio sobre a Cegueira" de José Saramago. É um livro fantástico e perturbador ao mesmo tempo. Tivesse eu o lido antes do tempo da Covid19 e talvez não tivesse em mim o efeito que tem hoje.  A sociedade pouco ou nada evoluiu. Ouvi hoje quem se questionava como é possível haver tanta maldade no mundo. Para mim é relativamente claro. A maioria dos seres humanos ainda vibra mais no mal do que no bem. Somos cruéis uns com os outros. Agarramo-nos às nossas certezas como se se revestissem de uma autoridade inquestionável. Auto-intitulamo-nos de pessoas inteligentes, informadas e altruístas. Realmente, as palavras pouco ou nada acompanham os atos. É pena! Se fossemos realmente aquilo que pregamos ser, o mundo seria bem melhor. A minha mente pensa nestas coisas por breves instantes, mas tenta não se deter e...

As histórias contadas através das minhas fotos 💓

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Fly on

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A flock of birds Hovering above Just a flock of birds That's how you think of love And I always Look up to the sky Pray before the dawn 'Cause they fly always Sometimes they arrive Sometimes they are gone They fly on Estou com esta música no ouvido desde ontem. Acompanhou-me no meu passeio de final de tarde pelo Jardim da Gulbenkian. Tal como o bando de pássaros trazido pela letra da canção, também eu me imaginei a levantar voo e a voar. 

Na busca da espiritualidade

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Passei os olhos pelo feed de notícias do facebook: anúncios e fotos de eventos ligados à espiritualidade. Cursos de como ser assim ou assado, de como aprender isto ou aquilo. Imagens de sorrisos e abraços, frases sobre união e irmandade.   Já busquei isto. Também eu já sorri quando mergulhava nestes ensinamentos e regressava a casa a sentir-me mais "conectada" e mais sábia. Já houve um tempo em que encontros pelo saber me enchiam as medidas do que quer que achava que procurava. Já houve um momento em que através da minha prática do yoga sentia que caminhava em direção ao entendimento. Mas hoje busco esse conhecimento na rotina do dia a dia, entre o que tenho de fazer por obrigação e no que escolho fazer por gosto. Hoje busco esse conhecimento em mim. Realmente dentro de mim, sem intermediários! Não pretendo com isto retirar o mérito a quem promove estes cursos nem retirar valor a tais experiências de desenvolvimento pessoal. Está tudo certo, mas o meu caminho é outro. É um ca...

Fim de Semana

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Vim à descoberta do Beato caminhando por entre pequenas casas de um só piso que me lembram a casa de madeira da minha bisavó em Porto de Muge. Não sei que estou eu a recordar por terras onde nunca passei e admito que não seja a terra em si que me traz a memória, mas sim o sentimento que me vem, quiçá, motivado por outras caminhadas introspetivas que realizei noutro tempo. Dou esses passos sozinha e com um silêncio apenas interrompido pelo "Bom dia!" de uma senhora cansada, a subir a ladeira carregada com os sacos das compras. De cima vejo as traseiras do cemitério do Alto de São João. Lápides brancas alinhadas pela encosta. Penso, por instantes, quantas histórias jazem ali, histórias perdidas no tempo. A vida é estranha quando pensamos na finitude de (quase) tudo. Realmente não levamos nada connosco a não ser, como surgiu em conversa, o crescimento da nossa alma. No Domingo retomei o mesmo ponto de partida. Tinha planeado ir à Penha de França, mas enganei-me no ...

Sobre os caminhos…

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Há um caminho mais fácil e um caminho mais difícil. Raramente conseguimos identificar um ou outro com facilidade e clareza a não ser quando estamos efetivamente a caminhá-lo. O caminho mais fácil parece-nos a nós, na nossa limitação, que é o que causa menos dor e se reveste de maior rapidez na chegada ao destino. O mais difícil, aquele que exige maior esforço e requer mais tempo. Em conversa com a minha melhor amiga admitimos a possibilidade de ser exatamente o oposto. Quantas vezes escolhemos o caminho que aparentemente dói menos e damos por nós a lidar com circunstâncias e emoções de forma prolongada porque não fizemos a escolha, não tomamos a decisão de enfrentar logo as intempéries de frente, de “dar o peito ao manifesto”? Quanto vezes a inação, a indecisão e a ausência das palavras certas não nos prenderam em enredos tortuosos e, mesmo após um tempo considerável, percebemos que ainda temos o mesmo lodo preso às solas dos sapatos? Dito isto, não me parece que caminhos fác...

Os meus refúgios

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Das fotos que tirei recentemente esta é claramente uma das minhas favoritas. Em tempos de cólera, de destilação de veneno nos meios de comunicação social, nas redes sociais e na interação entre as pessoas, prefiro muito mais buscar esta visão do sol a pôr-se num final de tarde. A minha casa 12 tornou-se num local deveras interessante.

"O Julgamento"

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Limpa, esfrega, lava, estende, tira o pó, aspira, muda de sítio, organiza... Começou assim o meu fim de semana. A organizar a minha casa e a organizar a minha mente. Ao final do dia de Sábado tinha a sensação de dever cumprido. Foi um fim de semana intenso, de limpezas, tomadas de consciência e conclusão de processos.  Como escrevi dias antes, não dá para apressar processos, mas quando é tempo de terminar, é tempo de terminar.  Hoje vislumbro o início, o meio e o fim. Tenho a visão completa do desenrolar da história. A história que me permitiu crescer. Há uma semana tinha fotografado a imagem da Nossa Senhora que desde essa altura defini como imagem do ecrã do telemóvel. Dei por mim a pedir o seu auxílio. Talvez Ela me tenha ouvido e, por circunstâncias de vida que entretanto se proporcionaram, seja atualmente possível seguir um caminho com menos bagagem. Levo o que preciso. Nem mais, nem menos.  Sigo com esperança, com fé. Ainda choro com o que me dói mas nas minhas lágr...

Observar e sentir

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Caminhadas por locais vazios mas "cheios" de silêncio. Sigo passo a passo pelas ruas onde não se vê vivalma. Toco nos muros fustigados pelo tempo. Capto qualquer coisa a que não sei (ainda) dar um nome. Sou uma peregrina que a cada instante encontra o que procura porque não procura nada mais do que aquilo que encontra. Este é o momento certo. Este é o espaço certo. Aqui onde estou. A caminhar. A olhar com atenção. A emocionar-me com o sol que se começa a pôr por entre as espigas e com o som feroz dos comboios que vão e vêm sem cessar a sua marcha. Ai, se eu pudesse explicar melhor o que vejo e o que sinto!

Cura

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Reinícios... Sol e lua juntos em Carneiro, a primeira Lua Nova de Abril. Tomei decisões que conto poder cumprir dentro das minhas possibilidades. Busco a minha cura, o meu auto-perdão. Volto a descer, mas desta vez não o faço para mergulhar na sombra, mas sim desço dum pedestal de arrogância e de orgulho, onde achei que deveria de estar. Desço para a planície, para sentir os meus pés na terra, para caminhar, para dar passos, para seguir em frente abandonando mágoas, tristezas, desilusões e sobretudo muita auto-sabotagem. Desço para voltar a subir quando chegar a altura de o fazer.