Avaliação
Plutão transitou sobre o
meu descendente e avançou. Hoje consigo olhar para trás e analisar em
consciência uma fase importante da minha vida.
Plutão trouxe-me a raiva, a ira, uma espécie de adrenalina que mantinha o meu
coração em modo acelerado quase constante. Sentia-me um vulcão que após anos e
anos de estado inativo rebentava agora e cuspia lava e detritos em todas as
direções.
Não filtrei palavras, nem sentimentos. Fui abandonada por pessoas para que
outras ocupassem os lugares entretanto deixados vazios.
No meio desta revolução interior densa e até um pouco mórbida, descobri em mim
características que desconhecia. Houve momentos em que me surpreendi com o meu
próprio comportamento, mas, verdade seja dita, não tenho arrependimentos.
Foi quando deixei de tentar ser qualquer coisa, que tomei consciência de quem
sou verdadeiramente.
Não vivemos para nos tornarmos. Vivemos para sermos numa busca diária de
equilíbrio entre a luz e a sombra, entre a razão e a emoção.
O turbilhão de que me alimentei durante vários meses começa a dissipar-se. A
agressividade míngua porque já não preciso de recorrer a ela.
Não há ninguém exterior para agradar. Apenas eu. E com o tempo, tenho vindo a
tornar-me na minha melhor companhia.
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