708
A pressão intensifica-se e eu sinto-a em mim.
Descobri que sou muito mais pró-activa perante o desconforto. É no desalento e na dor que eu ajo. Assim, temo mas incentivo-me com esta pressão. Receio-a e desejo-a. Tenho medo da mudança mas preciso dela.
Não sei ser de outro modo e, talvez por me assustar tanto a apatia, acabo por me deixar conduzir por uma qualquer estrada mesmo que não faça a menor ideia para onde ela me irá levar.
Este pensamento acompanhou-me ontem enquanto percorria a Almirante Reis e os Olivais no 708. Era capaz de ficar a circular ad eternum. Apenas me custa regressar a casa. Não estou propriamente numa fase da minha vida em que me queira enfrentar. Prefiro que o exterior me distraia do interior. Mesmo que seja apenas por uns momentos.
Fixei a atenção nas lojas de bairro dos indianos, na criança aos gritos que se sentava no banco da frente enquanto o pai falava ao telemóvel, na intensificação do tráfego junto à Rotunda do Relógio. A vida segue, mesmo no tempo parado, e apesar de tudo o que eu possa pensar, sentir, querer ou desejar. Há um consolo neste movimento, neste dinamismo. Há vida mesmo que nem sempre eu encontre esse folgo em mim.
P.S. Imagem retirada da net
Comentários
Enviar um comentário