Folha
Durante muito tempo (será
seguro dizer a minha vida toda?), foquei-me mais no que queria do que no que
precisava. Fi-lo à conta de uma enorme ingenuidade. Achava que querer e
precisar eram a mesma.
Corria atrás do que queria
e a vida insistia em dar-me o que eu precisava. E escusado será dizer que o que eu
preciso quase nunca é o que eu quero!
Quando hoje comparo os
meus desejos e as minhas conquistas percebo que a vida me tem tratado melhor do
que eu me trato a mim mesma. Ela tem-me dado as ferramentas que me permitem ser
livre, enquanto que eu continuo a procurar os cadeados mais pesados que me amarrem
bem ao chão e me impeçam de voar. Ela pede-me para exigir mais enquanto que eu
me vou contentando com pouco, e persisto nos mesmos caminhos que, já sei há imenso
tempo, não têm saída.
Há um momento na vida em
que temos de ter a coragem de abrir mão de tudo ou quase tudo e perceber o que
fica, o que sobrevive. Fazer a triagem, como fazemos com a nossa roupa.
Nem tudo é bom para nós. Nem
tudo serve. Nem tudo nos faz evoluir. Nem tudo é futuro. Há coisas que são
irremediavelmente passado por mais que doa. É preciso chorar tudo o que há a
chorar e seguir em frente.
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