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A mostrar mensagens de abril, 2018

Voltar à tona

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Não sei nadar. Nunca aprendi. Lembro-me de que, quando era menina e ia às piscinas, talvez devido a esta minha limitação, gostava muito de me agarrar à borda da piscina e, num impulso, tentava puxar o meu corpo para baixo até que os meus pés tocassem no fundo. Deixava depois que a água me trouxesse de novo à superfície, sem esforço. Não tinha de fazer nada, era só deixar-me ir. Sabia tão bem essa leveza! Sentia-me tão livre! E repetia vezes sem conta naquela alegria infantil e despreocupada. Esta semana apercebi-me de como a vida é semelhante a este movimento alternado. Há aquela fase em que, pelas mais diversas circunstâncias da vida, vamos ao fundo. E depois, também pelos mais diversos motivos, regressamos à superfície. Às vezes mantemo-nos lá demoradamente e falta o ar. Mas há um momento, mais cedo ou mais tarde, em que fazemos o caminho de regresso. Na piscina a transformação não é muita, mas na vida é. Entre um momento e outro passa-se tudo e não se passa nada e aquele q...

Temporary

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Events are temporary. Emotions are temporary. Happiness is temporary. Sadness is temporary. Every state of mind comes and goes. Sometimes we let bitter feelings or harsh words enter our life as uninvited guests that we are too polite to send away. And they get rooted inside our soul. What a pity! We'd be so better off without it! Still we crave for it as monkeys looking for bananas.

O que nunca disse

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E se as entrelinhas de ontem fossem as palavras de hoje? Se fossem o que não houve coragem de dizer mas que se quis dizer? Se fossem como música que embala e sossega o coração? E se nesta dança das palavras houvesse mais verdade e menos mendicidade?

Sensação

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Há uma imagem que sempre me impressionou, a da Roda da Vida. A imagem em si é aterradora, mais que não seja pela figura grotesca que se destaca. Na roda vêm expostos os 12 elos de ligação, conforme a tradição budista, ou nidanas .  De forma bem simplista, é a ideia de algo que produz algo que por sua vez é responsável pela criação de algo sendo que, na base está a ignorância e só pela irradiação da ignorância se pode extinguir esta ligação e, consequentemente, conseguir a libertação do samsara . O círculo exterior encontra-se dividido em 12, cada parte representando um dos elos.  Só hoje, ao encontrar novamente a imagem, reparei na forma curiosa como é representada o elo da "sensação", a de um indivíduo com uma seta no olho. A minha interpretação inicial foi a de que ficamos cegos quando experimentamos as sensações, sejam boas ou más. Mas a ideia mais profunda, a meu ver, é da volatilidade, a facilidade com que oscilamos entre estados dependendo da frivolidade das nossas e...

Vazio de alma

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Creio eu n ão haver nada que nos faça entender melhor quem somos do que a dor e o sofrimento. E é no meio desse desespero em que nos damos por vencidos, completamente derrotados, que temos a oportunidade de responder à questão: Quem sou eu? Muitos de nós não sabem. Nem toda a gente coloca a questão. A maioria talvez nem queira saber. Porque dói. Porque enquanto olhamos para dentro, arriscamo-nos a encontrar aquele “eu” que tem estado à espreita, raramente saindo da toca. E esse “eu” é um estranho! Este mundo não é feito de homens livres e nem mesmo se nos entregassem a liberdade de bandeja, a iriamos aproveitar. Os nossos avós não ensinaram os nossos pais a serem livres. Os nossos pais não nos ensinaram a sermos livres, nem nós conseguiríamos ensinar os nossos filhos a serem livres apesar de toda a boa vontade que possa existir, e simplesmente pelo facto de não sabermos o que isso é. Como podemos ensinar a alguém aquilo que nós próprios não sabemos o que é? Crescer devia ser...
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Śrāvaka

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Sou uma pessoa de fé. Gosto de acreditar sobretudo na vida como se ela fosse uma Grande Mãe que sabe o que é melhor para nós, mesmo que nós não o saibamos. Há momentos em que resta apenas a fé, a fé de que chegue o dia em que as peças se encaixem tal como num puzzle. Tenho procurado o mesmo a minha vida inteira. Às vezes estou mais focada no objetivo, outras vezes menos. Às vezes estou mais preparada para me focar no objetivo, outras vezes menos. Admitir a mim mesma o que quero tornou o caminho mais claro, mas nem por isso menos penoso. Nestes momentos, relembro-me de que o nome deste blog é Śrāvaka , que entre outros significados, refere-se a “discípulo” e é isso que tenho tentado ser, a melhor discípula possível. Tento ver em cada circunstância da minha vida uma oportunidade de evoluir, de enfrentar os meus medos, de superar os meus limites e sobretudo de abrir o coração que durante tanto tempo teve medo de se mostrar. A existência parece às vezes um caminho sem fim à vista, u...

Refúgio

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Este é o meu refúgio. Fica perto do meu local de trabalho. Descobri-o recentemente e tê-lo descoberto deixou-me feliz. É simples. É um pedaço de relva, tem árvores e uma calçada enegrecida pelo tempo. Ao longe vê-se Monsanto. Parece um templo, mas não tem forma de templo. Aqui o ruído da cidade cessa. Ou não cessa e sou eu que não o oiço. Sento-me a ler, a escrever, a pensar. Às vezes observo apenas e sinto a brisa e sinto os raios de sol. É tudo tão simples que chego a questionar se há algo nesta vida que possa ser assim tão simples.

Menina

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Já não escrevo as mesmas palavras. Já não me agarro às interjeições. Hoje sei mais do que sabia e se em tempos as frases foram uma lembrança de quem eu achava que tinha de ser, hoje são a marca de quem eu sou. E é certo que ainda estou a meio da viagem. E é certo que ainda estou longe da meta. Talvez não seja muito melhor do que era ontem. Talvez não seja nada melhor do que era ontem. Mas sou mais tolerante em relação àquela menina ribatejana que virou mulher mas que, em tanta coisa, ainda continua a ser uma menina.

Everything changes

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I change my opinion quite often. I get angry like a spoiled brat. I'm silly. I'm naïve. I say I’ll never do this again, I’ll never be this kind of person again. And then, I do it again. I may know what I have to do. I may know who I want to become. Accepting that I need to change is one thing. Another very different thing is being ready to change. Therefore, I’m always stuck in some kind of emotional and mental roller-coaster. Constant ups and downs. At these moments I'd rather just run away to somewhere far from here, far from the people I know, far from the reality I’m always in. I would do this if I could. It might be a good thing that I can’t, that I’m not allowed to. As I look through the window, I see the same streets, the same faceless crowd. I hear the same sounds, over and over again. It seems everything is always the same, always in the same place but things change. This Monday I went to Saldanha after work. As I was walking near Camões School I looked...