Regresso a casa
Da janela do escritório
vê-se a A5 a atravessar Monsanto. Ocorre-me pensar naquela estrada como o
caminho da vida que cada um de nós percorre.
Somos almas a desfilar, mas
preferimos a identificação com a carcaça que molda a nossa imagem. Vivemos entorpecidos
pelo medo ou embriagados pela saudade ou extasiados pelo desejo. E queremos
sempre qualquer coisa: mais sucesso, mais amor, mais dinheiro, mais bens
materiais, mais saúde, mais jovens, mais belos, mais perfeitos,… Ignoramos que estamos
a fazer o caminho de regresso a casa e a casa regressamos de mãos vazias. O que
levamos é a experiência.
À porta de entrada não passa quinquilharia e o
nosso coração é pesado na balança.
Não há vestes, nem
plumas, nem ouro. Não há pão para nos encher o estômago nem água para nos
saciar. Há aquilo que não se agarra, que não se toca, que não se vê, apenas se
sente.
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