Tenho P.O.C.

Sou Cristã e tenho P.O.C. Tenho P.O.C. há mais tempo do que lembro de ser Cristã.
Deus é libertação. Tudo aquilo que o P.O.C. não é.

Por norma consigo ter 4 ou 5 anos de relativa estabilidade até que sucede um período de crise. A doença ganha forma e a minha mente enfraquece. Tento fingir qualquer coisa para o mundo inteiro como se o mundo inteiro reparasse ou estivesse minimamente preocupado.

Desde há uns anos, percebi que foi a minha doença que me levou a afastar das pessoas e não querer/conseguir criar grandes relações. Sempre achei que, qualquer pessoa que privasse comigo por mais de 24 horas, iria perceber que há qualquer coisa de muito errada comigo. 

Aprendi a inventar desculpas. "Não posso!". "Não consigo nesse dia!" Ou a correr para as casas de banho entre eventos para poder realizar os meus rituais.

A minha mente não para. Ela não para! Diariamente me alerta para perigos que julga ela serem eminentes. Todos os dias ela me diz que tenho de me preparar para a perda motivada pelo eventual perigo. 

Vivos lutos, perdas, medos por antecedência. Porque um dia... é dia. E se hoje descansar ao final da noite, amanhã a minha mente vai relembrar-me de que a luta recomeça.

Estou cansada. Estou mentalmente esgotada. E há momentos em que sinto que não vou aguentar a preocupação constante, as obrigações do meu trabalho e a constante necessidade de, ainda assim, ter de fazer e realizar coisas para sentir que a minha vida tem um sentido.

Estou exausta e farta de ser refém da minha própria mente e de perceber o quanto ela limita a minha vida. Nem já da minha memória me posso orgulhar, porque também ela me começa a falhar.

As doenças mentais são uma porcaria. Algo que te dói e ninguém vê, um cérebro em desequilíbrio e que ninguém percebe e que nem tu mesma queres que saibam.

A todos os que eventualmente já me possam ter achado uma pessoa estranha, tenho algo a esclarecer. Não sou estranha. Tenho uma doença. Uma doença chamada perturbação obsessiva-compulsiva, desenvolvida ainda na minha adolescência e que ainda não teve o tratamento adequado. E vai daí, talvez isso me torne realmente estranha.

Vou procurar uma vez mais ajuda. Desta vez na Domus Mater. 

A Ele continuo a dirigir as minhas preces. Sozinha não consigo curar nada. Mas tenho esperança de que Ele consiga.





Comentários

Mensagens populares deste blogue

The Chosen / Aprender com S. Pedro

Por que sou assim?

"Deus não precisa de ti", Esther Maria Magnis