No meio das minhas imperfeições
Sou imperfeita, muito imperfeita.
A minha fé em Deus aumenta à medida que vou lendo e entendendo a Bíblia e oiço a palavra de outros que professam esta fé há muito mais tempo.
Sinto que este caminho é mais real e verdadeiro, mas não me tornei necessariamente melhor pessoa. Ontem fui ao ginásio, como é habitual. Senti-me sozinha numa sala cheia de gente eufórica. Para mim, nada disso me é normal. Foi nesse silêncio interior imposto que refleti imenso na minha imperfeição. Senti a inveja, os ciúmes. Pensei naqueles que são melhores, que têm "mais sorte". Comparei-me. Diminui-me. Por fim, disse para mim mesma que prefiro a solidão porque não quero lidar com nenhum tipo de emoção. Não quero ter de olhar para o outro e através do outro ter de me ver nos meus excessos ou carências.
É certo que nunca estou verdadeiramente sozinha porque Ele acompanha-me, mas nem sempre o silêncio erguido à minha volta é fácil de ser trabalhado.
Ontem, naquela mesma aula, senti-me desajustada, uma peça que não encaixava no puzzle. Adoro as aulas e dou sempre o meu máximo, mas sinto-me mesmo uma estrangeira em terra alheia.
Por isso, acabo por regressar à minha conchinha feita de esperança e protegida contra ruídos. Regresso à minha vida simples e banal, feita de rotinas.
Hoje as palavras de Thomas Merton reforçaram a minha esperança nessa simplicidade:
“Constitui um prazer para mim recordar essa gente bondosa e falar sobre ela (…) Os dois me inspiravam verdadeira veneração e creio que, de certo modo, eram santos, sem dúvida. E eram santos pela maneira mais efetiva e acentuada; santificava-os a maneira completamente sobrenatural com que levavam uma vida rotineira, assim santificados na obscuridade, nas tarefas comuns, nos pendores usuais, na rotina doméstica, como se recebessem e se aproveitassem duma graça sobrenatural e interior, emanada do alto para suas vidas em comum, para a união de suas almas com a profunda fé e a imensa caridade.”
In “A Montanha dos Sete Patamares"
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