Partilha sobre o caminho

Nestes últimos dias tenho sobretudo partilhado vídeos com mensagens que me inspiram, mais do que usado as minhas próprias palavras. Viver por Deus parece-me mais natural, mas falar dele não é necessariamente mais fácil. Sinto, por vezes, que fui mais compreendida quando falava sobre a lua, os astros, as energias, a intuição, a verdade particular de cada um, do que agora que assumo perante todos a minha crença num ser superior omnipresente que nos criou, que nos ensina, que nos educa e que nos ama, tal como um bom pai o faria.

Entendo que em nome da religião foram cometidas, e ainda são cometidas, atrocidades. Entendo que muita dor foi causada em nome da religião, mas hoje também percebo que uma coisa é a mensagem e outra, muito diferente, são as maçãs podres que constituem uma instituição, seja ela qual for. Se queremos procurar culpados devemos começar sempre por olhar e observar o ser humano. O homem é capaz de realizar as coisas mais fantásticas, mas, na mesma proporção, é capaz de cometer as piores. Há poucos dias lia um comentário que me incomodou bastante. Alguém dizia que não iria perder tempo a ler sobre um “tipo que tinha morrido numa cruz”. Lembro-me de ter pensado, se eu não me sentir inspirada por alguém que morreu pela nossa salvação, por quem vou eu sentir-me inspirada? Os influencers do instagram e do tiktok?  

Historicamente, arqueologicamente, há evidências de que Jesus Cristo existiu e de que foi crucificado. Mesmo que eu considerasse que ele era apenas um profeta, era apenas um homem muito evoluído, mas que não era necessariamente o filho de Deus, ainda assim ele sacrificou-se pela crença que tinha de que assim nos estaria a salvar. Os próprios apóstolos, excetuando Judas que O traiu, e João que faleceu de velhice, todos os outros tiveram mortes horríveis por pregarem a mensagem. Para eles, a mensagem era mais importante do que as suas próprias vidas.

Se eu não me sinto inspirada por estas pessoas, vou sentir-me inspirada por quem?

Não quero aqui convencer ninguém a seguir este ou aquele caminho. O livre arbítrio existe. Por outro lado, só Deus poderá julgar cada um de nós. Não obstante, não posso deixar de falar sobre algo que acho que é importante e que deveria chegar aos ouvidos de todos independentemente daquilo que depois cada pessoa decida fazer.

Uma crítica que também é feita é a da que a Bíblia retrata um Deus muito vingativo e tem partes de muita violência. Entendo essa crítica. Era exatamente o que eu achava. Há histórias ali retratadas que foram horríveis quando aconteceram, horríveis quando foram escritas, continuam a ser horríveis quando as lemos e, daqui a 200 anos, continuaram a sê-lo. Porém, percebo porque é que elas aparecem na Bíblia. Não poderiam ser omitidas só para que fosse mais aprazível a leitura do livro sagrado. A Bíblia retrata a vida de homens e de mulheres que sucessivamente cometeram imensos erros, que sucessivamente tiveram de ser repreendidos por Deus. Ao lermos a bíblia vemos pessoas que são como nós, cometem erros atrás de erros, mas também é-lhes dada a hipótese de escolherem o caminho do bem.

Estou numa fase muito inicial do meu processo. Há muitas coisas que eu ainda não sei. Há muitas coisas que eu ainda não entendo. Luto diariamente contra os meus piores defeitos. Luto contra o medo de que esteja a seguir um caminho equivocado como a escolha que preceder (a New Age).
Mas tenho fé. E só pela fé já me tenho afastado de coisas tóxicas na minha vida. Só pela fé já tenho buscado o perdão.

Vou fazendo o caminho, com pouquíssimas pessoas próximas a quem possa falar disto, mas certa de que Deus me acompanha.


Foto tirada no Jardim da Estrela, Lisboa, Portugal
 



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