Hoje não consigo olhar para ela, esta ela que sou eu mesma a observar-me. Fiz as pazes com a minha pequenina mas há tantas versões minhas póstumas que eu ainda não consigo aceitar. Tento mas é tão difícil. Alguém, por quem eu tenho imenso carinho, lembrou-me hoje de um comportamento parvo que tive há alguns anos. Sei que era uma partilha inocente mas foi tão difícil lembrar-me de que já fui assim, tão limitada, tão fraca, tão destrambelhada, tão ridícula, tão patética. Este é o problema: mesmo que não me vejam assim, eu vejo-me assim constantemente. E há certas lembranças que me envergonham tanto. Sim, naquele momento eu tive vergonha de mim. Falei abertamente quando questionada, desvalorizei, mas senti vergonha. Fui logo buscar as outras lembranças. Quis sentir dor. Sou masoquista. E ainda que não o faça sentindo a lâmina a trespassar a carne, deixo que os meus fantasmas me inquietem a mente. É um castigo auto-infligido, uma espécie de punição pelas minhas falhas que, de acordo com os...
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