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A mostrar mensagens de outubro, 2022

O que vês?

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Tanta coisa que me leva para um tempo que, assemelhando-se ao passado, não pode ser o passado porque não o vivi. Há coisas que talvez nunca venha a entender sobre mim. O fascínio pelo casual, pelo céu cinzento, pela cidade envolvida na atmosfera outonal. Vejo beleza em tudo e não quero parar de me maravilhar.

Por ora, é isto.

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Recorro imenso ao exercício físico, o que é curioso considerando que, nos meus tempos de adolescente e de início da idade adulta, simplesmente detestava tudo o que implicasse exercitar o corpo. Lembro-me de ter virado para a "intelectualidade" (e aqui a intelectualidade tem mesmo de vir entre aspas) muito cedo, não necessariamente pelo desejo de saber e entender, mas porque me parecia mais fácil evidenciar-me pelo uso da cabeça do que pelo uso do resto do corpo.  Não gostava do meu aspecto físico, considerava que não valia a pena investir na minha imagem e por isso foquei-me muito mais nas conquistas pela via académica. Consequentemente, e durante muito tempo, considerei e chamei de futilidade à atenção excessiva no corpo. Demorei anos a perceber que o corpo é o nosso templo, a cápsula que alberga a nossa alma e também ele merece ser bem tratado e respeitado. A descoberta do ashtanga, em 2012, foi o início deste percurso de redescoberta através do físico, do visível, do palpá...

Sabedoria #Excertos

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“Filosofia significa literalmente "amor pela sabedoria". Estas são palavras verdadeiras, tendo cada uma delas um significado extraordinário e belo. Seria interessante para nós se tentássemos compreender a verdadeira natureza do amor e o que realmente significa sabedoria que não é, naturalmente, o mero conhecimento. (…) Sabedoria significava, antigamente, o verdadeiro pensar, não meramente em relação a determinados assuntos abstraídos da vida, mas em relação a tudo o que pertence à vida da pessoa. A sabedoria foi considerada como o que de mais valioso a pessoa pode possuir, constituindo a verdadeira fonte da sua felicidade. (…) Há um enunciado, em um dos Diálogos de Sócrates, que diz que a sabedoria é a única moeda verdadeira pela qual todas as coisas deveriam ser trocadas. (…) A sabedoria é relacionada com aquilo que é bom e não com aquilo que é aprazível, e estes são de duas naturezas diferentes. Constantemente confundimo-los. Muitos há que pensam que aquilo que é aprazível ...

Tenho de me encaixar ou basta ser?

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Há muitas coisas erradas comigo. Sei-o perfeitamente. Se me cruzasse com alguém que tivesse características similares, penso que me irritaria. Irritaria a infantilidade, a imaturidade. Porém, sendo eu quem sou, e estando em mim, não consigo lamentar em demasia a minha personalidade porque na minha solidão e fuga, ela não me pesa. Não sou testada, nem desafiada. Não há olhos para me verem de alto abaixo, nem bocas cujas palavras me possam atingir. Gosto de estar sozinha porque estar acompanhada é difícil. Gosto de estar sozinha porque no inverso sinto-me desajustada. As pessoas puxam-me para a terra quando eu prefiro planar envolta nos meus pensamentos. Tenho, grosso modo, consciência da minha finitude, de um tempo cronológico que caminha para a extinção. É inevitável. Independentemente do que eu acredite, é certo que esta persona que eu encarno de nome Lídia irá um dia desaparecer. Se assim é, fará sentido promover convívios forçados para encaixar numa normalidade que não é a minha? V...

... enquanto pessoa estranha que sou, gosto de dias estranhos....

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10 de outubro, pelas 20h30... Chove a potes! Retomei as aulas de aéreos hoje e, de que cada vez que me ausentei do escritório, molhei-me. Desconfiada dos serviços meteorológicos que das últimas vezes não acertaram uma, vim de ténis, casaquinho de ganga para o Verão e o chapéu de chuva ficou em casa. Corridas para um lado e para o outro e em diálogo constante comigo mesma repetia: “devia ter ido para casa”. Talvez devesse, mas não fui. Retomei a marcha para a escola. Desafiei-me uma vez mais. Fiz figura de ursa uma vez mais. Senti-me uma croma uma vez mais. Mas vou continuar, sobretudo porque detesto achar que há qualquer coisa de errado comigo e que essa qualquer coisa me retira o direito de lá estar. Vou mesmo sendo ursa, sendo croma, e todas as mais emoções/sensações que me possam, invariavelmente, continuar a acompanhar. Verdade seja dita, também não sei bem qual é o meu lugar. Se me perguntassem de que gosto eu, responderia apenas que gosto de caminhar. Que diz isto d...

Que deixe ir tudo o que não é para mim!

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Sou uma viciada em certos pensamentos, em certas dores, ...  Há momentos em que me vergo, em que me vergam, e peço àquela entidade que não sei se existe, mas que, se existir, deverei escrevê-la em maiúsculas... "Se Tu me ouves, por favor ajuda-me." Já repararam numa coisa ...? Se fomos criados à imagem Dele, se Ele existe em nós, então não serão as nossas mensagens de suplício dirigidas a nós mesmos? Lídia, por favor, ajuda-te! Haverá maior curador das nossas feridas, do que nós mesmos?  Rendo-me! Que deixe ir tudo o que não é para mim!

Não sei para onde vou, mas para onde quer que vá, hoje será o sítio certo.

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Em dia feriado, os meus passos conduziram-me até Chelas. Mais de uma hora de caminhada, de mochila às costas, seguindo o percurso do 794. Enquanto caminhava, pensava na minha vida. Sou repetente em muitas questões, e sinto-me saturada. Apetece-me levantar a bandeira branca e pedir que me deixem na verdade, sem mais ilusões. A ilusão não me enche, já não preenche nenhum lugar vazio do meu peito. Prefiro viver com a ausência do que com a ilusão da presença. Prefiro estar no que realmente existe na minha vida, do que fingir que estou onde não estou e onde não me querem. Não sinto mágoa, apenas um cansaço que me faz querer gritar um "basta!". Percebo a minha responsabilidade, o que permito, o que autorizo, a forma como vou deixando que me tratem. Mea culpa! Mais uma vez escrevo sobre este meu desejo de liberdade que, no fundo, talvez seja o que há em comum entre todos os meus passeios solitários. Sigo, sigo, sigo! Se não me fizerem questionar a minha capacidade física, so...