Rendição

Certas rendições tornam-nos humildes, trazem-nos de volta à terra e colocam-nos de joelhos. Abandonamos certezas e convicções. Deixamos o nosso ego em parte incerta e olhamos para o céu. Ao contemplarmos a imensidão que é um céu estrelado, percebemos o quão pequeninos somos. Essa “pequenez” não visa diminuir a nossa alma, mas sim fazer-nos entender que não estamos sós, não somos mais nem menos do que ninguém, as nossas dores não são necessariamente mais dolorosas do que as dores dos outros, nem a nossa felicidade é mais ou menos importante do que a do outro. Nestas horas, às vezes apenas minutos, às vezes apenas segundos, rendemo-nos. Ou porque o cansaço é demasiado, ou porque as dúvidas são muitas ou porque há muito que a nossa alma nos tenta levar por outro caminho - aquele a que ainda resistimos -, e percebemos que está mais do que na altura de a escutar. Apesar do enorme esforço físico, mental e emocional que nos é exigido para uma rendição de tal envergadura, para mim há uma...