A Caminhante

Ahimsa leva-nos para o princípio da “não-violência”. Quando pensamos em violência é fácil remetermos para a ideia de violência física e violência verbal. No entanto, violência pode não se reflectir apenas em ações e palavras, mas também em pensamentos. Quem já não leu a expressão: “não há ninguém que nos faça mais mal do que nós mesmos” ? Isto faz-me pensar imenso nessa violência de pensamento. Somos prisioneiros da nossa mente que antecipa dramas que não o são na verdade ou torna pequenos receios em monstros grotescos. Assim, a recomendação é, “não sejas verbalmente violento nem contigo, nem com os outros”, “não sejas fisicamente agressivo nem contigo nem com os outros” e “abstrai-te de pensamentos violentos”. Speak no evil! See no evil! Hear no evil! ….  And by the way, think no evil! Obviamente que é algo bastante difícil de se fazer. Num artigo que li recentemente do Pedro Kupfer, ele comentava que não se pode simplesmente lavar a mente com água e sabão. :...

É espantoso como o mundo nunca pára. O rio segue o ser curso, as estações do ano sucedem-se umas às outras, as rugas instalam-se. Como nos habituamos demasiado ao nosso próprio rosto, nem sempre nos apercebemos de que estamos mais velhos. Mas estamos mais velhos. Quiçá mais sábios, mais maduros…. Quiçá mais perdidos e com mais dúvidas. Ou um pouco disto com um pouco daquilo. Nestes dias, é preferível pensar menos e viver mais.

Os Yogas Sutras são uma obra recomendada para todos os praticantes de yoga. Lembro-me a primeira vez que tentei entender os conceitos do ashtanga yoga que se encon tram lá explanados e não percebi nada. Achava que tinha de saber de cor os yamas e os niyamas como se isso me tornasse numa yogini melhor. Tudo vem no momento certo e isso inclui a compreensão. Recomendo a reflexão deste percurso óctuplo para todos, não só para quem gosta ou pratica yoga. Os primeiros dois degraus remetem para questões éticas e morais. Fazem-nos pensar na relação com os outros e connosco próprios. Não é minha intenção apelar a uma santidade interior, mas sim a uma sanidade interior. Não acho que devemos ser todos bonzinhos e perfeitinhos. Tenho, contudo, percebido que todos nós pretendemos ser felizes e grande parte da nossa sensação de felicidade advém da sensação de paz interior. Este conhecimento pode ajudar-nos nessa demanda. Resumidamente os cinco yamas e niyamas são identificados ...

Há quem se lamente imenso pela vida que tem. Nesse queixume há uma concentração em demasia na "consequência" e pouca reflexão sobre a "origem". A origem somos nós. A vida é a consequência, com tudo o que dela advém. E já diz o provérbio: “Quem colhe ventos, semeia tempestades.” Colhemos o que semeamos, o que semeamos com palavras, com pensamentos e com actos. Se a colheita é fraca, se calhar está na altura de olhar para o semeador.

Não quero que o orgulho me impeça de pedir desculpas. Não quero que o ego me limite a capacidade em perdoar. Estes são grandes dos bloqueios que carregamos dentro de nós e que impedem a energia de fluir naturalmente. Falamos muitas vezes no que temos em demasia e no que se torna imperioso deixar para trás. Mas o que está em excesso pode não ser aquela mala velha, mas aquela emoção a remoer no peito. Hoje é tempo de deixar partir o que não serve. Fica a promessa de uma enorme paz de espírito.