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A mostrar mensagens de agosto, 2016

Certo? Errado?

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Quem não sentiu já que está constantemente a passar pelas mesmas situações? Dizemos “já aprendi” e vou deixar de seguir pela esquerda, como é costume, e vou começar a seguir pela direita. E depois de darmos uns passos pela direita, descobrimos que a estrada faz um desvio para a esquerda e vamos dar exatamente ao sítio em que tínhamos dito que não queríamos estar, porque não era preciso, porque …. JÁ APRENDEMOS, certo? Aprender é mais do que dizer que “aprendi”. É uma mudança de comportamento e, sobretudo, uma mudança na forma como encaramos determinada situação. Antes pensava que mudar era simplesmente fazer diferente, mas hoje admito que mudar possa não ser “fazer diferente”, mas fazer com outra consciência. Há aquilo que precisa ser mudado, há aquilo que precisa de ser reajustado e há aquilo que precisa apenas de ser compreendido. Dou um exemplo. Faço uma ação no passado que considerava incorreta e me causa sofrimento. Para evitar o sofrimento, ou para sentir que aprendi...

Querer e precisar

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Há quem nos ensine pelo que nos dá. Há quem nos ensine pelo que não nos dá. Achamos que andamos nesta vida para termos o que queremos, mas andamos nesta vida para termos o que precisamos. Querer e precisar são coisas diferentes. Querer vem do desejo, precisar da necessidade.   E de mil e uma coisas que eu queira, possivelmente só uma ou duas serão estritamente necessárias. Quanto entendermos isto, reduziremos a lista de desejos e seremos mais gratos pelos pequenos presentes que a vida nos dá.

# urdhva dhanurasana

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Urdhva dhanurasana, comummente chamada de postura da ponte, tem sido um dos asanas mais desafiantes para mim. No ashtanga vinyasa, começamos por fazer uma preparação de ponte, até que, finalmente, levantamos o corpo com os braços. Se "finalmente" remete para conclusão, erguer os braços só por si está longe de significar o fim. É, na verdade, o começo de um caminho que leva tempo. Lembro-me de tentar uma primeira vez há dois anos e que sentir que estava a morrer. A morrer mesmo!!! :) Não conseguia respirar, não conseguia arquear as costas, doíam-me os pulsos e sei lá mais o quê. Durante algum tempo preferi ficar pela preparação, até que me dei conta que, se não começasse a tentar, nunca iria lá chegar. Têm sido dois anos muito pacientes, com uma evolução gradual mas, às vezes, muito pouco perceptível. E cheguei a questionar como podia ser tão difícil para mim e, aparentemente, tão fácil para outras pessoas. O nosso corpo acumula todo o tipo de tensões e libertar-nos de padrõ...

Do your pratice and all is coming

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"Do your pratice and all is coming.", célebre frase de Sri K. Pattabhi Jois que pode bem ser vista como um lema aplicável a todas as áreas da nossa vida. Independentemente de haver um determinismo nas nossas decisões, escolhas e caminhos ou plena liberdade de ação, independentemente da fé que seja professada, independentemente das nossas crenças mais profundas, tudo se pode resumir a isto: Faz o que tem de ser feito e tudo virá. Virá a compreensão, virá a aceitação, virá o entendimento... Não falo de resultados materiais, falo mesmo de mudanças que se desenrolam dentro de nós, mudanças alquímicas, mudanças tão profundas que se pegarmos numa mesma pessoa e compararmos o antes e o depois num lato espaço de tempo, parecerá que falamos de dois indivíduos diferentes. Pessoalmente, sinto que tenho vindo a aceitar o meu passado e, ao aceitar, não sinto tanta necessidade de estar sempre a voltar atrás. Encaro situações como "assuntos arrumados" e percebo que tudo o que ac...

Ribatejo

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Vim de uma pequena cidade ribatejana. E apesar do que se pudesse supor, nunca vi uma tourada. Habituei-me às piadas sobre os ribatejanos gostarem de vinho, das "curas de água" cartaxenses e s ou prova disso :) Relembro na minha mente, enquanto escrevo, a bela lezíria, o pôr do sol ao entardecer visto da janela do meu quarto, o silêncio à noite e a música de rua aos sábados de manhã. Não resisto em sorrir a cada pausa que faço ... por momentos estou lá, a escrever, como o fiz tantas vezes na minha adolescência. Mas apesar da aparente similitude, não me revejo naquela rapariga dos outros tempos... Bem, talvez no cabelo desgrenhado. :) Não me dá saudades, mas são recordações boas . O tempo em que crescemos, nos tornamos homens e mulheres, e tentamos descobrir o nosso lugar no mundo. E o Ribatejo é sempre um bom lugar para me encontrar novamente. 

Nova tentativa

Tenho muito para resolver. E quando penso que estou mais perto, logo descubro que ainda estou a léguas de distância. Gostava de dizer que isso não me incomoda, mas estaria a mentir. É como estar constantemente a jogar na lotaria e nunca acertar no número. Lembro-me de que, quando comecei a escrever este blog, decidi que jamais falaria de coisas tristes. Não haveria margem para lamentos. Ocorreu-me, entretanto, que também não podia falar só de coisas alegres... paz, amor... e uma cabana. Mas não somos nós tudo isso? Uns a pender mais para um lado? Outros para o outro? Por que tento balizar tudo, dar um nome a tudo, controlar tudo, definir tudo, restringir tudo? Por momentos lembro-me daquela música da Taylor Swift (que fica irritavelmente no ouvido) e só me apetece "shake it off... shake it off." E tentar outra vez. Bolas, a música fica mesmo no ouvido. "Cause the players gonna play, play, play And the haters gonna hate, hate, hate Baby I'm just gonna shake...

Liberdade

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Diz Bernardo Soares no "Livro do Desassossego" que "a liberdade é a possibilidade do isolamento. És livre se te podes afastar dos homens (...)". Isto não é um convite a que nos retiremos do mundo. Encaro sim como o reconhecimento de que não precisamos de procurar nada fora de nós mesmos. Quantos de nós sustentam os andaimes da sua existência em convenções sociais? Ou dizem precisar do que, por norma, toda a gente julga precisar. É certo de que há um desejo comum que é o de ser feliz. Mas não creio que a felicidade deva ser o fim que buscamos. E considero, na minha enorme ignorância, que um homem sábio não se reconheceria a si mesmo como um homem feliz, mas sim como alguém que faz o que tem de ser feito, independentemente de isso lhe trazer dor ou prazer, alegria ou tristeza. Acima de tudo, um homem sábio reconheceria sim que a liberdade é a maior dádiva. Quando procuramos fazer o que é necessário, sem centrarmos a nossa acção nas recompensas que daí possam advir, ...

Moinhas

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Hoje está um excelente dia para um passeio ainda que a mente esteja carregada de pensamentos e o coração pesado. Mas não há prova que não possa ser superada e, quanto mais pesado o fardo, maior deve ser a vontade em carregá-lo na nossa caminhada. Certamente já se deram conta que há tanto que não entendemos e nem é preciso ir a questões ou dramas existenciais. Basta estarmos imóveis num sítio, olharmos em redor, e apercebermo-nos do que há e do que não há, de quem está e de quem não está e isso, por si só, já dá espaço para inquirições. Há pouco tempo, numa aula, a minha professora dizia que "a dor vai existir até que o ser humano aprenda". De uma observação tão cruel como esta, sai uma grande verdade. E até podemos nem estar a falar de grandes dores mas apenas de... "moinhas na barriga"... Tudo o que é desconfortável é ameaça ao que é cómodo, ao que damos como certo, faz-nos repensar, analisar, questionar, relembrar que ainda não sabemos, nem aprendemos tudo...

Portas e janelas

Há uns meses foi-me feito o convite de ir ao fundo de mim mesma e descobrir quem sou.  É difícil porque não somos só o lado luminoso. Há a outra faceta, mais obscura, aquela que tentamos esconder de todos, inclusivamente de nós mesmos. Ainda há pouco achava que tinha conseguido atingir um ponto de equilíbrio entre os dois e, consequentemente, a aceitação.  Lamentavelmente, foi uma expectativa errónea. A fraqueza existe e hoje sinto que ainda não ultrapassei o que pensava ter ultrapassado. E sim, posso dizer que estou um pouco triste por isso. Mas que fazer ? Acho que é melhor aceitar a tristeza, deixá-la massacrar um pouco e pronto... Lavar a alma depois disso. Nestas alturas, apetecia-me fazer qualquer coisa radical, sair por aí, beber um copo.... Mas actos exteriores não apaziguam o que se sente no interior. Por isso, vou aceitar. Vou guardar velhas fotografias, ciente de que há pouco que podemos levar connosco e fechar a gaveta das recordações. Depois disso, vou sorri...

Decisões

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Somos inteiramente responsáveis pelas decisões que tomamos e escolhas que fazemos. Somo-lo independentemente das opiniões de terceiros (à priori) e consequências, boas ou más, que daí advenham (à posteriori). O processo de maturação envolve, entre muitas outras coisas, conseguirmos escolher melhor o caminho a seguir. Não digo com isto que vamos com o tempo tendo a certeza de por onde devemos ir. Afirmo sim que o tempo traz-nos uma maior clareza do que serve e não serve para nós e podemos afiançar com mais certezas: "Isto pode ser muito bom, mas não para mim." Porque definimos melhor os nossos critérios, confiamos mais na nossa intuição e talvez até consigamos justificar melhor as nossas opiniões. Não que tenhamos de o fazer. Devemos honestidade aos outros, mas devemos honestidade sobretudo a nós mesmos. E isso requer uma certa dose de coragem, porque podemos acabar sozinhos apenas na companhia da nossa decisão. Por isso aqui fica,...

Dualidades

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“Somos dualidade: razão e coração, cada um puxando o homem para o seu lado. Tantas vezes dizemos que para a próxima vez iremos ouvir a razão porque o coração nos enganou novamente. Esquecemo-nos que, dessas muitas vezes, é o coração que nos dá coragem, que nos dá fé, que nos diz "não desistas já". Como a minha querida mestra dizia ontem, é preciso razão que nos diga "vai com mais calma agora", "não te entregues já", mas não podemos deixar de lado a voz do coração que nos relembra constantemente quem somos na realidade. Podemos ser só razão, se for essa uma opção e, no final da vida, certamente que isso não nos terá impedido de fazer grandes feitos. Mas se queremos deixar uma marca na vida das pessoas, há que usar o coração.” (12.10.2014)

Workshop Yoga Sutras

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Tive este fim de semana a oportunidade de fazer um workshop com o Pedro Kupfer dedicado ao estudo dos Yoga Sutras. Era um desejo meu estudar esta obra. Já o tinha tentado fazer sozinha. Falhei, porém. Não sou autodidacta e careço de disciplina. Assim, este foi um momento mágico. Tenho dito várias vezes que Yoga vai muito para além da prática de posturas. Yoga é um estilo de vida. Quem pratica com regularidade, acredito que concordará comigo. Quem não pratica, caso queira, terá certamente oportunidade de comprovar o que digo através da sua própria experiência. Adorei tudo o que o Pedro disse. Amei cada palavra e senti um arrepio na espinha sempre que chegava a altura de entoar os mantras. O mais fantástico é que nada do que ele disse é transcendente ou estranho. Não há um "descobrir da pólvora". É improvável que questionemos: "Por que nunca pensei nisso?" É mais natural que assole a questão do: "Por que me esqueço disto às vezes?" Em cada instante há sim...

E vou...

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É um bom dia para uma caminhada. É um bom dia para pegar na mochila e ir por aí. É um bom dia para que o "aí" não tenha limites e não pensemos na canseira do regresso enquanto os nossos passos nos levam para longe. Basta ir. Basta escolher ir.

Sonhos

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Objectivos? Vários. Paz interior, descobrir o meu propósito de vida, ter junto de mim os que me são mais queridos, levar os dias com um sorriso nos lábios, aceitar-me como sou e nunca perder a fé. Sonhos? Ir a Mysore um dia. Tornar-me na ashtangi que ambiciono ser. Vou colocar esta imagem no meu quarto. Um dia acontece.... ;)

Medida certa

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Há medida certa no dar? Já diz o provérbio que quem dá o que pode a mais não é obrigado. Não podemos exigir atenção, amor, cordialidade, simpatia, amizade, estima, consideração… Porque ainda que numa relação a dois, seja do género que for, se espere reciprocidade, cada um vive a emoção à sua maneira e dá o que quer, pode ou consegue. Sou um pouco exigente. Bem, quero pensar que "era um pouco exigente" e às vezes sentia que dava muito de mim tendo em conta o pouco que recebia. Se pensar bem nisto percebo que, na maioria das vezes, ninguém pedia para eu dar muito. Eu dava porque, segundo essa lógica ilógica da reciprocidade, receberia exatamente na mesma medida. Nesta situação, como em muitas outras, há muito EU EU EU EU... "Eu quero...", "Eu preciso..." e a aparente bondade é, então, uma bondade disfarçada que só serve para me alimentar o ego. Não quero parecer hipócrita. Todos nós precisamos de receber algo, todos nós gostamos de receber alg...

Aniversário

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Fiz anos há poucos dias. Tenho descoberto a agradável companhia que consigo ser para comigo mesma. Quando penso que ainda há poucos meses não conseguia ver isso, fico horrorizada ao pensar nos anos que desperdicei a procurar nos outros aquilo que havia em mim. A partir de uma certa idade deixamos de contar os anos que passam. Este passar do tempo não tem de assustar, nem os cabelos brancos que insistem em aparecer mesmo no meio da cabeça para toda a gente ver... Se do passado ficou a lembrança da angústia e da dúvida, então não vale a pena olhar muito para lá e tento acreditar que o futuro só poderá ser melhor. Sim, encaro o futuro com bastante optimismo. Não por achar que vou conseguir tudo o que quero. Não por acreditar que vão ser só sorrisos e nada de lágrimas. A questão é esta: Vale mesmo a pena lamentar o quer que seja? Vamos, indubitavelmente, acabar todos da mesma forma e um dia olharemos para os jovens e lembrar-nos-emos de quando éramos jovens. Se não podemos alterar isto, ...